Cynthia morreu em 1991 e agora alunos resolvem mistério. Como?
- 12/12/2025
Cynthia Gonzalez tinha 25 anos quando foi encontrada morta, e completamente despida, numa vala em Arlington, no estado norte-americano do Texas. O crime aconteceu em 1991 e só agora, 34 anos depois, é que um possível responsável está na calha - e tudo graças a um grupo de estudantes.
Segundo escreve a publicação USA Today, a jovem era uma dançarina exótica que trabalha em eventos privados e, por vezes, para clientes a solo. Na noite em que foi vista pela última vez, tinha agendado uma hora com um destes clientes privados. Mais tarde, o corpo dela foi descoberto numa vala situada numa zona remota.
O caso, que foi arquivado, chegou às mãos do detetive Anthony Stafford o ano passado, tendo o mesmo focado a sua atenção em encontrar o "homem que cometeu tal crime", tal como escreveu a publicação. Mas devido a uma parceria com a Universidade do Texas, o caso acabou por ser analisado também pelos estudantes de Arlington, que fizeram a pergunta 'de um milhão': "Pode verificar isto novamente?"
Um nome, uma mulher e uma acusação
O grupo e o investigador falaram com a USA Today e, de acordo com o que é explicado, foi quando viram o nome de uma mulher, mencionada várias vezes, que o rumo da investigação mudou. "Sentimos. Tivemos um pressentimento de que tínhamos de verificar isto", explicou Jacey Concannon, que faz parte do grupo que ajudou a desvendar este mistério, acrescentando que foi aí que pediram ao inspetor para verificar novamente a pessoa que aparecia tantas vezes mencionada nos arquivos.
Já o inspetor referiu que não considerou sequer que o suspeito pudesse ser uma mulher e que quando os estudantes trouxeram esta possibilidade para cima da mesa ele ficou intrigado: "Deixei imediatamente aquilo que estava a fazer".
Em causa está Janie Perkins, uma mulher de agora 63 anos que enfrenta uma acusação de homicídio qualificado, acusação esta que nega. Os advogados desta mulher estão confiantes na sua inocência e, segundo referiram ao USA Todoay, "quando todos os factos foram apresentados, a verdade virá à tona".
Mas como o que aconteceu, afinal, a Cynthia Gonzalez?
De acordo com os ficheiros consultados pela equipa e pelo Departamento da Polícia de Arlington, a 16 de dezembro de 1991 a dançarina deixou a sua filha, de seis anos, na casa do ex-marido, indo depois para o tal trabalho privado.
No dia seguinte, quando ela não apareceu, o ex-marido ligou às autoridades para dar conta do seu desaparecimento. O carro de Cynthia foi encontrado num lugar próximo àquele onde ela iria encontrar-se com o cliente. Cinco dias depois, o corpo foi descoberto numa área que ficava a quase 30 minutos do local onde o veículo estava.
O corpo estava já numa fase de decomposição avançada, dado o calor que se fazia sentir nessa altura. Também se registarem períodos de chuva e tempestade, que afetaram a composição do corpo. Nu, o corpo tinha ainda marcas de pelo menos dois tiros no peito.
Stafford detalhou que o elevado estado de decomposição dificultou perceber se tinha havido alguma agressão sexual e tornou também a recolha de ADN de um possível suspeito era impossível. Na altura, Jim Ford era o inspetor responsável à frente do caso e, de acordo com o que é explicado, "passou duas décadas a identificar" possíveis suspeitos. Ford morreu em 2013 sem que ninguém fosse detido.
Recentemente, quando o caso foi entregue aos alunos, o grupo acabou por perguntar se a mulher agora acusada "já tinha sido entrevistada, se o marido dela tinha sido interrogado e se alguma vez foram comparadas as impressões digitais e o ADN dela com a cena do crime."
Stafford descobriu que Ford a tinha interrogado em 1991 e também dois anos depois, após dois homens terem dito que ela tinha confessado o crime.
Segundo o que é explicado, esta mulher terá dito aos dois homens "detalhes específicos sobre o crime que só uma pessoa envolvida nele saberia". Os dois homens não se conheciam e o que disseram sobre ela foi idêntico.
Percebeu-se depois que em causa estaria um triângulo amoroso, já que um desses homens namorava com a suspeita, Janie Perkins, quando conheceu Cynthia. Acabou o relacionamento dele quando se apaixonou pela dançarina e isso deixou Perkins enraivecida: "Ela deixou bem claro que queria que a Cynthia estivesse morta para que pudesse ficar com o homem".
A mulher não tinha um álibi para a noite do crime e falhou também dois testes de polígrafo, mantendo sempre a sua inocência. Segundo Stafford, Ford não deteve esta mulher porque os testes de polígrafo não eram admitidos em tribunal e não a podia ligar ao local do crime
"Eu sei que Jim Ford queria prosseguir com o caso, mas só se pode agir dentro dos limites que lhe são impostos como investigador na jurisdição em que trabalha", explicou Stafford, acrescentando: "Hoje, em 2025, os nossos promotores estão muito mais dispostos a provar casos com base nas evidências que temos".
A mulher foi detida a 6 de novembro e saiu sob fiança, enquanto a acusação foi criada. "Estamos a trabalhar em algum ADN que eu julgo que será um resultado positivo para a acusação".
O investigador atual acabou por contar diretamente aos alunos que as suas questões tinham dado frutos, com um dos estudantes, com 29 anos, a dizer que tinha ficado "muito emotivo" por finalmente a família da vítima poder ter alguma esperança - e também por ter feito parte desta investigação.
Leia Também: Mistério com restos mortais em penhasco do Utah resolvido após três anos
