"Cristiano Ronaldo não joga pela seleção pelo que já fez, mas sim..."
- 09/12/2025
Roberto Martínez concedeu, na tarde desta terça-feira, uma extensa entrevista ao jornal espanhol Sport, dias depois de ter sido galardoado com o prémio Trajetória na Gala Valores do Desporto, numa cerimónia que ocorreu em Madrid há cerca de duas semanas.
Na conversa, o selecionador nacional fez um balanço dos três anos de trabalho à frente da equipa da quinas, confessando que já há muito de português dentro de si.
"Há muito de português dentro de mim e digo isso com orgulho. Porque gosto de mergulhar na cultura portuguesa. Acredito que fazemos parte de uma cultura ibérica. Depois de trabalhar 21 anos no Reino Unido e sete na Bélgica, a verdade é que se torna muito familiar poder descobrir, ou reviver, o que é a cultura portuguesa, que tem muitas tradições e aspetos que também se encontram em Espanha", começou por fizer Roberto Martínez.
Questionado sobre se considera a atual geração lusa como a melhor de sempre, o técnico catalão considerou que só os resultados poderão dar a resposta.
"Isso é muito subjetivo. Eu acho que a melhor geração da história é a de 66, porque ficou em terceiro lugar no Mundial da Inglaterra e isso é um facto objetivo. Os resultados dão-nos os parâmetros para definir qual é a geração de ouro. Depois, todos estamos preparados para dar opiniões. Na atual geração, há exemplos incríveis, mas também no passado do futebol português todos se lembram dos momentos de Rui Costa, Luís Figo, João Pinto", vincou o treinador espanhol, antes de acrescentar:
"São muitos jogadores e gerações excelentes. O que é verdade é que agora temos uma mistura muito bonita: o capitão, Cristiano Ronaldo, estreou-se no mesmo ano em que nasceu Carlos Forbs, o último jogador a chegar. Essa mistura é fantástica. O importante é que o nível de formação em Portugal é um exemplo a nível europeu e mundial. Um país de 10 milhões de habitantes que é capaz de criar estes jogadores... É isso que há que destacar. E depois, esperar que um dia se possa dizer que sim, que esta geração é a melhor."
Roberto Martínez foi ainda confrontado com uma questão sobre como é que poderá tirar o melhor rendimento de Cristiano Ronaldo e não fugiu à pergunta.
"Com ele, estamos a ver um exemplo que se repete nos grandes desportistas de alto nível com longevidade: eles adaptam-se ao que é necessário. Vivemos o surgimento de Cristiano em 2004 e estamos cientes de tudo o que ele fez na sua carreira. Agora ele é um jogador muito diferente, que usa muito bem a sua experiência, os seus movimentos, a sua capacidade de finalização... A ponto de ter marcado 25 golos nos últimos 30 jogos pela seleção. Não estamos a falar de um jogador que joga por Portugal pelo que fez, mas de um jogador que é muito importante nos esquemas atuais da sua seleção. Essa capacidade de adaptação é essencial para a longevidade de qualquer jogador de futebol", vincou ainda.
O selecionador português recusou categoricamente o estatuto de favorito no Mundial2026.
"Os objetivos são estar muito conscientes de que queremos melhorar em todos os jogos. Se conseguirmos gerir, como fizemos na Liga das Nações, a competitividade que temos dentro do balneário, temos de exigir o máximo nível. Chegar ou não a uma final de um Mundial é um caminho difícil, complexo, com muitas vertentes. Mas é preciso estar preparado para tudo e ser uma equipa que não tenha medo de sonhar", finalizou.
Roberto Martínez supera Guardiola como treinador catalão do ano
Selecionador nacional recebeu 58,53% dos votos do júri, superando Pep Guardiola (31,71%) e Pere Romeu (9,76%), responsável pela equipa feminina do Barcelona. Conquista da Liga das Nações ao serviço de Portugal no último verão, na Alemanha, foi decisiva para este reconhecimento.
Luis Júnior | 16:56 - 09/12/2025
