Crianças sem sestas no pré-escolar. Estão "exaustas" (e há consequências)

  • 14/11/2025

A sesta nos jardins de infância é mais do que um momento de repouso. Tornou-se um ponto de tensão entre as necessidades de desenvolvimento e saúde das crianças e as limitações estruturais e de recursos das instituições de ensino.

 

Especialistas alertam para os impactos negativos da privação do sono diurno em crianças até aos 6 anos - para as crianças que precisam - porém as escolas que as acolhem garantem não ter recursos para que isto seja possível a partir dos 3. Algumas escusam-se até numa diretriz que, afiança o Ministério da Educação ao Notícias ao Minuto, não existe.

Segundo o Governo, as normas quanto a este assunto são flexíveis e a responsabilidade de resposta face às necessidades individuais de cada criança cabe aos próprios estabelecimentos pré-escolares.

O passa-culpas persiste há anos e a situação mantém-se, apesar de já ter sido debatida diversas vezes. Enquanto isso, as crianças da chamada pré continuam a não descansar como deviam, o que afeta não só a rotina familiar, como a forma como aprendem, socializam e brincam. E as consequências podem ir mais além. Prolongar-se pelo futuro, com problemas de sono e outras patologias, que incluem até a necessidade de medicação. Para já, muitas famílias desesperam por soluções.

Quando o descanso colide com a rotina escolar

Ao Notícias ao Minuto chegaram várias queixas nesse sentido. Pais que lamentam que os filhos de idade pré-escolar não podem fazer sestas nas escolas públicas que frequentam, enquanto nas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e creches privadas, o sono da tarde é, na maioria dos casos, assegurado.

Sentem-se de "mãos atadas", com crianças mais irritadas e instáveis, que chegam a casa entre as 17h e 18h já a dormir e que muitas vezes não jantam e não tomam banho devido à exaustão

Falta de sestas "compromete o desenvolvimento das crianças"

Desde 2017, ano em que a Sociedade Portuguesa de Pediatria emitiu uma série de recomendações sobre as sestas e falou sobre os diversos efeitos negativos da privação do sono diurno nas crianças em idade pré-escolar, que o tema ganhou relevância na discussão pública e até política.

Em 2019, a Assembleia da República (AR) chegou mesmo a pedir ao então Governo que assegurasse a possibilidade de as crianças entre os 3 e os 5 anos fazerem sestas nas suas escolas. Mas até hoje isso não é uma realidade e "compromete o desenvolvimento das crianças", como nota o pediatra Manuel Magalhães no episódio dedicado às sestas do seu podcast A Mensagem do Pediatra.

"Com 3 anos de idade 90% das crianças precisam de sesta. Com 4 anos 60% continuam a precisar de sesta. Aos 5 anos são 30% as crianças que continuam a beneficiar de sesta. E aos 6 anos 10% das crianças ainda poderiam beneficiar de sesta. Ora, estes números espelham a grande importância de termos sestas nas creches portuguesas até à entrada do primeiro ano do primeiro ciclo", elucida o profissional de saúde que tem mais de 231 mil seguidores só na sua página de Instagram.

"Uma necessidade biológica fundamental"

Para as psicólogas Filipa Malo Franco e Tânia Correia, esta é uma questão que "nem devia existir", pois a sesta é "uma necessidade biológica fundamental" e, embora seja importante ter em conta a "variabilidade" entre crianças, a maioria precisa descansar ao longo do dia.

"Há uma variabilidade importante que depende de criança para criança, que tem de ser respeitada, mas nós sabemos que até aos 5, 6 anos é normal que a criança que não dorme a sesta fique muito desregulada ao final da tarde. Tenha alterações no seu comportamento, tenha dificuldades em se regular, faça mais birras, tenha alguns comportamentos até que às vezes podem ser agressivos. Bate mais, fica mais agressiva, tem menos controlo dos impulsos. Isso são tudo sinais de que aquela criança ainda precisa de fazer sesta", elucida Filipa Malo Franco, especialista em sono pediátrico, em entrevista ao Notícias ao Minuto, indulgente, contudo, com as escolas.

"Eu compreendo que, do ponto de vista de uma instituição, seja mais fácil criar um padrão de comportamento. Compreendo que a nível institucional não seja muito prático, que na mesma turma, algumas crianças durmam e outras não durmam. Compreendo que isto possa criar alguma entropia e que, de facto, precisem de recursos para ficar com as crianças que queiram dormir e outras que não querem dormir. De qualquer das formas, nós deveríamos proteger as crianças, proteger o seu bem-estar e não é isso que acontece nestes casos", lembra.

Tânia Correia tem uma opinião coincidente. Para a fundadora da Clínica 3 M’s, "as sestas dependem, sobretudo, da necessidade da criança e não tanto da idade", por isso, o importante era "conseguirmos olhar para cada uma delas de acordo com o seu superior interesse". O que não acontece.

Sestas não são luxo, são uma "necessidade básica"

De acordo com a experiência de Tânia Correia, os pedidos de sestas por parte dos pais continuam a ser vistos como "uma exigência de apenas alguns e de superproteção das crianças", o que impede a procura de soluções, mesmo em novas instituições, com mais espaço e outros recursos.

"Os relatos que chegam à minha clínica são quase todos no sentido de uma grande indiferença. Indiferença ou a tentar culpar os pais. Acusam-nos de excesso de proteção da criança, de não estarem a deixar crescer os filhos. Continua-se a confundir sono com autonomia. Mete-se tudo dentro do mesmo saco e diz-se a esta criança que o problema é que os pais não a deixam crescer, que não estão a deixá-lo ser autónomo. Quando o sono não é um aspeto comportamental. É de desenvolvimento e tem de se ter cuidado", salienta a psicóloga ao Notícias ao Minuto.

Consequências a curto, médio e longo prazo

Os especialistas tendem em concordar que as sestas são "extremamente importantes", cruciais para o crescimento e com graves consequências a curto, médio e longo prazo para as crianças que precisam delas e não as fazem.

"Um dos benefícios claros é a regulação emocional e isso vem muito através deste período do sono, durante o qual há quase um restart a nível cognitivo, uma organização de algumas vivências do dia. É a partir daí, desse momento de paragem, que as crianças conseguem obter recursos para experienciar as suas emoções e organizá-las e estarem disponíveis para estabelecer relações", explica Tânia Correia, que é também mãe de três meninas.

"Uma criança extremamente cansada não consegue estar aberta à relação, porque está em modo de sobrevivência, dado que o sono é uma necessidade básica. Portanto, o sistema interno dela está mais preocupado em dar uma resposta mais primitiva de sobrevivência do que em abrir-se para fora, para criar relações, para experimentar", afirma, lembrando que a falta de sestas traz ainda problemas na aprendizagem.

"Qualquer um de nós sabe que com o sono não se aprende da mesma forma do que quando se está desperto. Portanto, a atenção, a concentração, a capacidade de resolução de problemas, todos estes processos precisam de energia e de recursos e essa energia e recursos vem muitas vezes do período precisamente do sono, durante a noite e também da sesta, quando é feita", lembra.

E não é só a curto prazo que a privação das sestas tem consequências, tem também a médio e longo prazo, como alerta a psicóloga especialista em sono pediátrico Filipa Malo Franco, que tem mais de 102 mil seguidores na sua página de Instagram.

"Estudos relacionam muito isto com problemas de consolidação da memória, de consolidação da aprendizagem. E não é só a nível da memória de curto prazo, é também a longo prazo. Aumentam as dificuldades de atenção, a distração, a capacidade de a criança ter algum foco, de ficar calma. Ficam hiperestimulados, movimentam-se muito, porque há crianças que depois se tentam regular através do movimento, porque estão muito cansadas. E existem também alguns estudos que relacionam isto a longo prazo com o menor desempenho académico. Crianças que não dormiram o suficiente apresentam piores resultados, por exemplo, ao nível da linguagem, das funções executivas".

Além disso, avisa a especialista, "há ainda as questões mais físicas, metabólicas, hormonais, etc", que podem estar relacionadas com o facto de as crianças dormirem menos do que o necessário.

Problemas de saúde física que o pediatra Manuel Magalhães, em entrevista ao Notícias ao Minuto, clarifica: "Existe uma associação entre dormir mal e dormir pouco e possíveis alterações orgânicas, nomeadamente, da função endócrina ou da função imunológica a longo prazo. Portanto, isto são coisas que se vão estabelecer a longo prazo, até na idade adulta".

"O que está mais bem estudado é em relação ao índice de massa corporal e à obesidade. Portanto, crianças na faixa dos 3, 5 e 9 anos que dormem mal vai-se a ver e mais tarde são adultos com maior probabilidade de ter obesidade e com a obesidade vêm todos os problemas cardiovasculares, nomeadamente, alterações do metabolismo da glicose, diabetes, hipertensão arterial, há mesmo uma associação forte. Estas alterações do metabolismo da glicose, hormonais, da hipertensão arterial, estão muito associadas ao sono porque durante o sono existe um reequilíbrio do metabolismo e é essencial para que haja um controlo. Estas alterações, provavelmente não vamos ter na criança mas vamos ter a longo prazo", elucidou o médico, responsável pela página de Instagram O Pediatra.

Já Tânia Correia adverte para os problemas de sono, que afetam mais de metade dos portugueses e que podemos estar a amplificar ao recusar que as crianças durmam na pré-primária.

"Nós acompanhamos em clínica alguns adultos em que percebemos que a sua má relação com o sono vem daqui. Aprenderam a aguentar um pouco mais, mais, mais e depois têm dificuldade em adormecer quando são mais velhos. Aliás, em adolescentes já tinham problemas em adormecer e em adultos continuam a ter", revela.

Sinais de alarme. Crianças mais agressivas, violentas e ansiosas

A retirada precoce das sestas não resulta, portanto, em crianças mais autónomas, como alguns tentam fazer crer. Pode trazer sérios problemas no seu crescimento, além dos problemas mais visíveis, como saírem das escolas "extremamente exaustas e desreguladas".

"Um dos sinais é ficarem muito reativos. Mais agressivos a nível físico. Alguns até violentos. Não só agressivos, mas violentos. Começarem a ter muita dificuldade na relação com os colegas. Crianças que, de repente, parecem que já estão crescidas e agora é que estão a morder. Crianças que começaram a bater nos amigos. A apresentarem dificuldades de aprendizagem, de concentração, que não conseguem completar tarefas simples na escola. Que mostram muita resistência na relação com o adulto. Não aceitam nenhum tipo de diretriz que lhes é dada", descreve Tânia Correia, que tem quase 35 mil seguidores na sua página de Instagram.

E depois, há outras crianças que "ficam mais ansiosas". "Começam a apresentar as dores de barriga, as dores de cabeça. Algumas vomitam. E a ter resistência a ir para a escola. E o problema não é o ir para a escola em si. É associarem-na a um sítio altamente desgastante", evidencia a mesma psicóloga.

À clínica de Filipa Malo Franco chegam pais em desespero, com crianças "visivelmente irritadas", "muito rabugentas", que às 16h/17h horas adormecem no carro, para quem "o banho é um suplício, o jantar é um suplício e o tempo de qualidade com a família não acontece".

"Portanto, isto terá outras implicações emocionais e relacionais também. Porque, de facto, o tempo com a família também é muito importante. Assim como o tempo de qualidade em que estão bem-dispostos, em que estão disponíveis para brincar e para a relação. Se eles estão cansados, ficam ainda mais reativos. Portanto, quando há privação de sono, é muito comum vermos crianças que batem com muita frequência, gritam com muita frequência, fazem muitas, muitas birras, muitas mais do que o normal", fundamenta a psicóloga, lembrando o impacto que o cansaço tem no sistema nervoso e na própria capacidade de regulação emocional.

"Se quando dormem sesta [fins de semana, férias] isto não acontece, então temos de agir. Aquela criança precisa mesmo da sesta para conseguir ter um dia muito mais tranquilo", descortina.

A ideia de que o sono noturno compensa a falta de sestas é também categoricamente desmentida por ambas as psicólogas entrevistadas pelo Notícias ao Minuto. "O sono noturno e o sono diurno têm objetivos diferentes", destaca Filipa Malo Franco, acrescentando que "o cansaço extremo [que resulta da falta de sestas] pode até levar a um adormecer mais rápido, mas frequentemente resulta num sono noturno de pior qualidade e mais fragmentado".

Já Tânia Correia lembra que "contrariamente ao que se acredita, se cansarmos muito uma criança, ela vai dormir pior. Em muitos casos, a sobre-estimulação é como um comboio que vai por ali fora sem travões. A criança não consegue parar, por muito exausto que esteja. E quando finalmente para, quase desmaia, devido ao cansaço. Mas até chegar aí, muitas criam uma grande resistência ao sono".

O problema do "efeito manada"

Embora compreendam que, do ponto de vista de uma instituição, seja mais fácil criar "um padrão de comportamento", os especialistas entrevistados pelo Notícias ao Minuto realçam que "a dificuldade logística não pode justificar a privação de uma necessidade básica".

Com turmas "sobrelotadas" e poucos adultos (educadores de infância e auxiliares), as escolas acabam por criar o que Filipa Malo Franco chama de "efeito manada": "Fazemos todos igual porque é a única forma de conduzir 20 e tal crianças de 3, 4 ou 5 anos numa sala com um ou dois adultos".

"Sinto que a maioria das escolas preocupa-se muito com as crianças e quer o melhor para elas. Mas estão sobrelotadas e nós não podemos ignorar que os educadores, auxiliares e adultos daquelas escolas dão o seu melhor, muitas das vezes, com os recursos que têm. Portanto, a falta de recursos de base tem, sem dúvida, um grande impacto", afirma, acrescentando que "invés de apontarmos o dedo às pessoas que tentam fazer o melhor possível, temos de mudar". Mudar o "método educativo de base", aumentar "os recursos, as estruturas, o número de profissionais a trabalhar nas escolas e diminuir o número de crianças em cada turma.

"Aliviar aqui esta sobrelotação que existe nas escolas", concretiza.

Segredo pode estar num momento de relaxamento

A solução ideal — que pode passar por ter duas salas, uma para descanso e outra para atividades — torna-se quase inalcançável. Práticas como forçar todas as crianças a ficar deitadas no escuro por longos períodos ou, no caso das crianças mais velhas, levá-las para a sala dos bebés, "são ineficazes e geram ainda mais resistência", sendo até desaconselhadas.

A solução pode passar então por ter um momento de relaxamento depois do almoço, como sugere o pediatra Manuel Magalhães no seu podcast.

"Deve ser dada oportunidade diária às crianças em idade pré-escolar de descansar e, quem quiser dormir, pode dormir, porque as crianças são diferentes. Não é uma questão de obrigatoriedade mas sim de oportunidade […]. Por isso, as escolas deviam proporcionar condições adequadas, nomeadamente o leite, o colchão, um ambiente calmo, escuro, com temperatura adequada, limitação de ruído e algum tipo de vigilância a todas as crianças em idade pré-escolar a fim de assegurar a qualidade do sono das sestas. E quem diz organizar este espaço para fazer a sesta, diz para criar um ambiente calmo. Imaginem colocar todas as crianças, depois do almoço, num ambiente destes. E chamávamos-lhe um ambiente de calma. É o momento de calma do dia e depois as crianças podiam decidir: eu quero estar só aqui, tranquila. Não tenho sono, não quero dormir. Ou, então, eu posso dormir", sugere o médico, que é também professor.

Segundo Manuel Magalhães, o que chega até ele, nas consultas, são "crianças que chegam aos 4/5 anos, apesar de fisiologicamente precisarem de sesta – porque quando as fazem ficam muito mais regulados e quando não fazem ficam muito mais zangados -, não querem fazer sestas porque veem os amigos a ir brincar para o recreio". E isso podia resolver-se "facilmente se naquela 1h, 1h30, houvesse um momento de calma, com benefícios para todas as crianças, as que vão dormir e as que não vão".

Recomenda ainda o pediatra, tal como as psicólogas Tânia Correia e Filipa Malo Franco, que "cada criança tenha um plano individual de sesta, acordado com a família" e que "a sesta possa ser promovida pela educadora de infância e pelos representantes escolares em vez de, pelo contrário, ser vista como uma coisa negativa, porque não é, é uma coisa positiva".

O que devem fazer os pais?

Na esperança de que isto se torne uma realidade na escola dos filhos, muitos pais procuram ajuda junto dos pediatras e psicólogos. Uns pedem declarações para, de certa forma, "criar pressão" junto das direções, outros apelam a ações de sensibilização sobre o assunto, como já fez Filipa Malo Franco, munida não só da sua experiência como de "evidência científica" e da própria legislação, que não proíbe de forma alguma que as crianças durmam nas escolas.

Se também isso falhar, resta à família ajustar-se o máximo possível para o bem-estar da criança.

"Antes de mais nada, ter empatia por aquela criança que está a sofrer. Nada de punições. E ajustar as rotinas em casa. Antecipar horários de jantar e banho para gerir as consequências do cansaço extremo", enumera a psicóloga, reiterando, contudo, que a verdadeira solução deveria passar por "uma mudança estrutural no sistema educativo", por "mais profissionais, sensibilização dos educadores e auxiliares para a importância do sono, turmas mais pequenas e individualização de cada criança".

Sem estas mudanças, os pais ficam com "as mãos atadas" e acabam por ter de tomar decisões difíceis, como relata, por sua vez, Tânia Correia ao Notícias ao Minuto.

"Em alguns casos já chegámos ao ponto de ter pais que chegam a pôr aquelas licenças até aos 12 anos para trabalharem em part-time porque é a única forma de poderem ter mais tempo com a criança. Há pais que chegam a um grau de desespero tão grande que o fazem e isto porque, de outra forma, não conseguem estar com os filhos porque eles vêm tão cansados da escola que não querem qualquer tipo de contacto", conta a psicóloga.

Já as crianças, sobressai Filipa Malo Franco, "acabam por se habituar", porque são "incríveis", mas não deixam de ver o seu presente e futuro impactado por algo que podia ser evitado sem custos elevados.

"Sono é uma necessidade biológica essencial na saúde da criança"

Os especialistas com quem falou o Notícias ao Minuto estão assim alinhados com a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) e com o "consenso científico internacional". "O sono é uma necessidade biológica essencial e um pilar da saúde da criança", evidencia a entidade no documento de 2017 onde constam as recomendações sobre as sestas das crianças em creches e infantários, públicos ou privados.

As orientações da SPP reforçam a importância de priorizar a necessidade individual de cada criança, ou seja, a decisão sobre a manutenção ou interrupção da sesta deve ser tomada com base na observação do comportamento e sinais de cansaço de cada criança (birras, irritabilidade, dificuldade de concentração), e não numa regra de idade fixa imposta pela instituição.

A sociedade subscreve as recomendações de que crianças entre os 3 e os 5 anos necessitam de 10 a 13 horas de sono total (incluindo a sesta) por dia e sublinha que as instituições de ensino devem providenciar um ambiente adequado e seguro para o repouso das crianças que manifestem essa necessidade, conforme já previsto na Componente de Apoio à Família.

O mesmo documento enfatiza que o sono diurno é um período crítico para a consolidação da memória e aprendizagem das novas informações adquiridas durante a manhã, sendo a sua privação potencialmente lesiva para o desenvolvimento cognitivo.

Em suma, a Sociedade Portuguesa de Pediatria atua como um reforço à voz dos pais e especialistas, defendendo que, enquanto o problema estrutural da falta de recursos persistir, o bem-estar e o desenvolvimento da criança não podem ser sacrificados em prol da conveniência logística.

"Não existe normativo legal que regulamente a sesta", garante ministério

O Notícias ao Minuto questionou o Ministério da Educação sobre as indicações dadas às escolas públicas no que às sestas diz respeito e o gabinete de Fernando Alexandre garantiu que "não existe normativo legal que regulamente a sesta no jardim de infância, por se considerar que as crianças têm necessidades diferentes relativamente ao sono, que devem ser respeitadas e que se prendem não só com as características das crianças como também com os horários e rotinas do seu contexto familiar, não fazendo, por isso, sentido haver normas iguais para todas as situações".

Assim, "no caso de existirem situações de necessidade de sesta por parte das crianças, independentemente da sua idade ou do grupo onde estão inseridas, cabe à instituição educativa criar as condições necessárias no seu contexto e em articulação com as famílias, para responder adequadamente e no âmbito do seu regulamento interno".

Afiança ainda o Governo que "as orientações do ministro da Educação, Ciência e Inovação relativas à sesta são as mesmas para todos os estabelecimentos da Rede Nacional de Educação Pré-Escolar", ou seja, Público, IPSS e Privado, apesar de o Notícias ao Minuto saber que as indicações são aplicadas de formas muito distintas em cada uma destas instituições.

Além disso, explica o Ministério da Educação, no caso de uma criança de 3, 4 ou 5 anos necessitar de fazer a sesta, a escola "terá de ter em conta a segurança, a higiene e as condições físicas do local a utilizar durante o repouso, bem como de pessoal a alocar à vigilância da sesta". E é aqui que residem as justificações e os argumentos das instituições de ensino para a recusa das sestas das crianças.

Em suma, as sestas não são proibidas no ensino pré-escolar, porém, também não são promovidas, apesar de estarem cientificamente provados os benefícios das mesmas e malefícios da falta de descanso. Como mudar este paradigma? A pergunta fica, pelo menos para já, no ar.

Leia Também: 'Cama de batata': A nova tendência do TikTok para um sono confortável

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/pais/2886537/criancas-sem-sestas-no-pre-escolar-estao-exaustas-e-ha-consequencias#utm_source=rss-ultima-hora&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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