Cotrim critica OE sem uma única reforma "digna desse nome"
- 28/11/2025
Em declarações aos jornalistas durante uma visita à Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC), em Lisboa, João Cotrim Figueiredo considerou que o Orçamento do Estado para 2026, aprovado esta quinta-feira em votação final global na Assembleia da República, tem como intuito "não gerar ondas".
"E a situação de Portugal, e poderia dizer na Europa, não se compadece com não fazer ondas. Nós precisamos de facto de alterar as coisas e reformar as coisas estruturalmente e desafio-vos a encontrar neste orçamento algum princípio de reforma digna desse nome", disse.
O candidato presidencial, apoiado pela IL, lamentou que se tenha "acabado o orçamento a discutir se há abolição de portagens ou o congelamento das propinas", salientando que, apesar de essas matérias poderem ter "toda a importância para o dia-a-dia de alguns concidadãos", "não são certamente as reformas de fundo de que o país precisa".
"Portanto, nesse sentido acho que é uma oportunidade perdida e, enquanto Presidente da República, farei sempre questão de dar ânimo aos governos que estiverem em funções para terem a coragem de ser reformista", prometeu.
João Cotrim Figueiredo falava aos jornalistas logo após ter visitado um auditório da ESCT, onde alguns estudantes estavam a ensaiar música.
À saída do auditório, assim que Cotrim Figueiredo começou a falar aos jornalistas, os estudantes colocaram músicas como as senhas do 25 de Abril - "Grândola Vila Morena" ou "Depois do Adeus" - ou "Os Vampiros", de José Afonso, que foram subindo de intensidade à medida que as declarações se prolongavam.
Depois de dizer aos jornalistas que, nesta visita à ESCT, não esperava "nada mais do que música", João Cotrim Figueiredo defendeu que a sua candidatura é a única "que tem a cultura como um dos seus pilares".
"Cultura, conhecimento e crescimento económico são os três 'C' da minha candidatura e a ordem não é indiferente. Acho que um país que não tem na sua cultura a base não só da identidade, mas da projeção no futuro, não só não sabe de onde vem, mas sobretudo não consegue decidir para onde é que vai", afirmou.
Questionado se lhe parece que um Governo deveria ter um ministro exclusivamente da Cultura, o que não acontece no atual executivo, Cotrim Figueiredo disse ter uma "opinião um bocadinho controversa" por achar que "as questões verdadeiramente importantes não se resumem no ministério".
"Aliás, quanto mais se concentram no ministério, menos importância têm porque é mais um ministério a sentar-se à mesa do Orçamento e a tentar defender a sua dama. As coisas verdadeiramente importantes têm de ser transversais a todos os ministérios", disse, defendendo que, quanto mais a cultura estiver concentrada num ministério, "mais parece que só há um responsável por essa matéria dentro do Governo".
Nestas declarações aos jornalistas, Cotrim Figueiredo criticou ainda uma sondagem divulgada esta quinta-feira pelo Expresso e a SIC que lhe dá 3%, considerando-a "absolutamente inacreditável" e com vários problemas técnicos, entre os quais o facto de a taxa de resposta "andar na casa dos 27%".
O candidato presidencial disse não criticar a sondagem por lhe dar um resultado bom ou mau, mas porque contraria todas as outras que têm surgido e lhe dá "um resultado inferior ao que tinha antes de anunciar a candidatura".
"A pergunta que faço é: isto é um erro técnico que os responsáveis têm de vir explicar ou é, de alguma forma, uma tentativa de justificar que o voto útil deve, desde já, começar a jogar um papel nestas eleições?", perguntou.
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