"Corrupção" foi tema em debate aceso entre Marques Mendes e Ventura
- 25/11/2025
No frente a frente televisivo, emitido pela SIC, Luís Marques Mendes anunciou que, caso seja eleito, tenciona dedicar o seu primeiro Conselho de Estado ao tema da reforma da Justiça e do combate à corrupção.
Numa tentativa de se distanciar de André Ventura, Mendes criticou o presidente do Chega por afirmar recorrentemente que "são todos ladrões", lembrando-o de que "não é polícia, não é magistrado e também não é candidato a xerife da República porque esse cargo não existe".
"Toda a gente fala em diagnósticos, eu vou dar o pontapé de saída para melhorar as questões da Justiça, que está doente, e para também melhorar, reforçar e intensificar o combate à corrupção porque nessa parte é a única que estamos de acordo", atirou o antigo presidente do PSD, que também acusou o líder do Chega de querer "branquear" a ditadura quando afirma que eram preciso "três Salazares" para acabar com a corrupção no país.
Contudo, a proposta não convenceu o candidato a Belém e líder do Chega, que considerou estar em causa "conversa da treta".
"Se o Luís Marques Mendes acha que é um Conselho de Estado que vai resolver o problema da corrupção em Portugal, só mostra que vai fazer o mesmo que todos os outros. Concretizo: absolutamente nada", criticou Ventura.
Mendes definiu quatro prioridades para o debate neste eventual Conselho de Estado, uma delas o "excesso de corporativismo" no Ministério Público, criticando que alguns procuradores se tenham insurgido contra o "Manifesto dos 50", uma iniciativa que junta políticos e cidadãos de várias áreas para alertar sobre os problemas da Justiça.
Neste ponto, Ventura acusou Mendes de, "tal como Gouveia e Melo", "atacar a justiça que investiga os políticos corruptos" e de estar "ao lado da casta, da elite que nunca quer ser investigada".
Mendes defendeu-se, afirmando que apoiou a recondução de Joana Marques Vidal no cargo de procuradora-geral da República, - ao contrário de Marcelo Rebelo de Sousa, - e realçou que quando era líder do PSD substituiu vários presidentes de autarquias "que tinham problemas com a Justiça".
"O senhor, o único [exemplo] que se conhece é ter um deputado, Miguel Arruda, que foi simultaneamente, por roubar malas no aeroporto, um caso de comédia e um caso de tragédia", atirou Mendes.
Ventura devolveu que o PSD "está cheio de corrupção do início ao fim" e criticou Mendes por ser apoiado e defender Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, acusado em investigações judiciais.
O líder do Chega tentou ainda colar o candidato Marques Mendes ao atual executivo PSD/CDS-PP, acusando-o de ser a "marioneta de Luís Montenegro" e a "muleta do Governo".
No início do confronto televisivo, Marques Mendes acusou Ventura de atuar com "total falta de sentido de Estado", dando como exemplo as críticas que o líder do Chega fez às declarações do Presidente angolano sobre o colonialismo português, em Luanda, nas comemorações dos 50 anos de independência de Angola, e à atuação do atual chefe de Estado.
O ex-líder do PSD criticou ainda os cartazes de protesto exibidos por deputados do Chega contra o Presidente do Brasil, Lula da Silva, na sua visita de Estado a Portugal em 2023, ou o facto de Ventura ter defendido, em Espanha, que o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, devia ser preso.
Ventura respondeu que o seu sentido de Estado é "defender Portugal até ao fim" e considerou que se o país é ofendido "merece defesa".
A sessão solene que assinalou os 50 anos do 25 de Novembro de 1975 foi também tema, com Marques Mendes a acusar Ventura de "conviver mal com a tolerância democrática" ao ter retirado alguns cravos vermelhos que foram posicionados por cima de rosas brancas no púlpito do parlamento.
Mendes notou ainda que Ventura escolheu sentar-se em frente ao executivo, e não na bancada do Chega -- prerrogativa à qual tem direito por ser o líder do maior partido da oposição --, acusando-o de ser "um falso candidato" a Belém.
Ventura afirmou que "voltaria a tirar" os cravos do púlpito e disse estar "farto que a esquerdalhada faça o que quer no parlamento".
Na reta final do debate, Ventura trouxe à discussão a queda do BES, acusando Mendes de ter afirmado na televisão "que estava tudo bem" com o banco que depois entrou em colapso, com o adversário a defender que a informação que difundiu era a do Banco de Portugal.
[Notícia atualizada às 23h50]
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