Contabilistas são "a primeira linha da supervisão" nas economias
- 15/09/2025
O ministro das Finanças atribuiu hoje um papel central aos contabilistas na economia, considerando-os "a primeira linha da supervisão", para prevenir "falhanços" nos sistemas financeiro e não financeiro.
"Os contabilistas são a primeira linha de supervisão. São os profissionais que asseguram que as empresas respeitam o quadro legal, que as receitas e as despesas são declaradas corretamente e que as obrigações fiscais são cumpridas em tempo útil e no montante certo", afirmou Joaquim Miranda Sarmento na abertura da conferência "Ética e independência na auditoria: pilares de resiliência e competitividade em tempos de incerteza", organizada em Lisboa pelo International Ethics Standards Board for Accountants (IESBA), organismo internacional que define padrões de ética na área da revisão de contas.
Miranda Sarmento referiu que "a história, tanto a nível internacional como em Portugal, é uma lição soberana sobre os custos dos falhanços éticos" e que, quando os problemas se verificam, como foi o caso do colapso do Lemon Brothers em setembro de 2008, as consequências "não se limitam" a ser individuais, "repercutem-se nas economias e nas sociedades inteiras".
"A confiança é, de facto, o bem mais valioso que temos e, uma vez perdida, é possível recuperá-la", disse, sublinhando que, para isso acontecer, "a conduta ética na contabilidade e na gestão de riscos é essencial".
No caso dos contabilistas, o tema da conferência da IESBA a decorrer no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), a conduta profissional "tem implicações para a sociedade no seu conjunto", afirmou Miranda Sarmento.
Os profissionais devem "garantir que a informação permanece fiável de forma a proteger o interesse público e a preservar a confiança nas instituições", disse.
O ministro das Finanças elencou "a integridade, a objetividade, a competência, a independência, a confidencialidade e a conduta profissional" como princípios que devem orientar as atividades associadas à contabilidade.
"Não se trata de virtudes facultativas. São obrigações profissionais que salvaguardam a tomada de decisões em ambientes onde a pressão e a complexidade são comuns", completou, referindo que "a qualidade da informação que os contabilistas produzem e o conhecimento que têm é vital para a saúde das nossas economias e mercados".
"A fiabilidade dos relatórios financeiros e não financeiros permite que os investidores afetem os recursos de forma eficiente e que as empresas avaliem o capital e os danos sejam sistémicos", referiu ainda.
Para o ministro das Finanças, essa é uma responsabilidade partilhada, que não cabe apenas aos contabilistas e aos revisores de contas. "Bancos, companhias de seguros -- o sistema financeiro -- estão profundamente interligados e o fracasso de uma parte pode rapidamente propagar-se além fronteiras", alertou.
Na abertura da conferência, Gabriela Figueiredo Dias, ex-presidente da Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) e atual líder da IESBA, referiu que o papel da liderança política "é fundamental para defender a ética e os quadros que sustentam a confiança nos mercados".
Por seu lado, a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), Paula Franco, sublinhou que os contabilistas têm o "dever de servir a sociedade com honestidade, rigor e responsabilidade".
"É a ética que demonstra o interesse público da nossa profissão", disse.
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