China opõe-se a qualquer tentativa de intimidação dos Estados Unidos à Venezuela
- 17/12/2025
"A Venezuela tem o direito de desenvolver de forma independente uma cooperação mutuamente benéfica com outros países", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês num resumo de uma conversa telefónica entre os chefes da diplomacia de Pequim e de Caracas.
A conversa realizou-se a pedido do ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, segundo um comunicado divulgado na página na Internet do ministério chinês.
Yvan Gil informou Wang Yi sobre a situação atual na Venezuela, "enfatizando que o Governo e o povo venezuelanos defenderão firmemente a soberania e a independência do país", disse ministério chinês.
Fá-lo-ão "salvaguardando resolutamente os legítimos direitos, e não aceitarão quaisquer ameaças de intimidação ou de abuso de poder", acrescentou, segundo a mesma fonte.
Wang disse a Gil que a China e a Venezuela "são parceiros estratégicos" e que "a confiança e o apoio mútuos são tradições nas relações" entre Pequim e Caracas.
"A China opõe-se a todos os atos de intimidação unilateral e apoia todos os países na salvaguarda da soberania e dignidade nacional", afirmou, citado pelo ministério.
Wang disse ainda que "a China acredita que a comunidade internacional compreende e apoia a posição da Venezuela na salvaguarda dos seus legítimos direitos e interesses".
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira um bloqueio aos petroleiros que operam com a Venezuela.
Trump disse mesmo que a Venezuela estava cercada pela "maior armada jamais reunida na história da América do Sul".
Disse também que o abalo no país liderado por Nicolás Maduro será sem precedentes até que devolva "o petróleo, as terras e outros ativos" que acusou Caracas de ter "roubado anteriormente" aos Estados Unidos.
O bloqueio constitui um reforço significativo dos meios militares que Trump já tinha destacado para águas internacionais das Caraíbas para combater o narcotráfico, que afirma envolver o Governo de Caracas.
As forças norte-americanas mataram pelo menos 90 pessoas em ataques a mais de 20 embarcações no Pacífico e nas Caraíbas nos últimos meses, como parte da campanha de Trump contra gangues que acusa de transportarem droga na região.
A Rússia também se manifestou hoje preocupada com a situação na região e o chefe da diplomacia de Moscovo, Serguei Lavrov, aludiu à possibilidade de uma operação militar terrestre norte-americana na Venezuela.
"As declarações genericamente beligerantes (...) sugerem que, além das ações ilegais de afundar navios civis sem julgamento prévio nas Caraíbas, [os Estados Unidos] estão também a planear uma operação terrestre", afirmou.
Moscovo negou, até ao momento, informações de que Caracas teria solicitado ajuda militar à Rússia perante o agravamento das tensões com os Estados Unidos.
Já o Irão considerou num comunicado que o bloqueio norte-americano à Venezuela é "um exemplo manifesto de pirataria de Estado e de banditismo armado no mar".
"As ameaças, os bloqueios económicos e o recurso à força contra um Estado independente, membro das Nações Unidas, constituem uma violação evidente dos princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas", afirmou Teerão.
Em Caracas, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, afirmou hoje que o exército não se deixa intimidar pelas "ameaças arrogantes" de Trump.
"Dizemos ao Governo norte-americano e ao seu Presidente que as suas ameaças grosseiras e arrogantes não nos intimidam", declarou Padrino, lendo um comunicado da instituição militar.
"A dignidade desta pátria não se negoceia, nem se verga perante ninguém", acrescentou.
Trump anunciou que vai falar ainda hoje ao país (já madrugada de quinta-feira em Lisboa) sem especificar o tema, mas a sua porta-voz referiu que vai abordar a ação do governo nos primeiros 11 meses do segundo mandato presidencial.
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