"Brinde à paz", o pior ano e a Ucrânia: O balanço de Marcelo na ginjinha
- 24/12/2025
O Presidente da República cumpriu a tradição e foi até ao Barreiro beber a ginjinha, nesta quarta-feira de véspera de Natal, aproveitando ainda para fazer um curto balanço dos últimos dez anos. Será a última vez que o faz enquanto chefe de Estado, mas já prometeu que no próximo ano regressará.
"Hoje vim mais cedo porque ainda estou em recuperação, ainda tenho muitas cicatrizes. Por outro lado, também queria evitar um contacto que pudesse dar uma gripe A que, nesta, altura da minha recuperação não dava jeito nenhum", começou por dizer, em declarações aos jornalistas.
Quanto ao seu estado de saúde, Marcelo Rebelo de Sousa referiu estar bem e a recuperar. "Bebi um bocadinho de ginjinha. Não devia ter bebido, mas bebi. Tinha de ser porque é uma tradição que se vai manter", disse, garantindo: "Foram dez anos consecutivos e passou a ser uma tradição na minha vida. Para o ano, cá estarei".
Sobre a que é que tinha brindado, o chefe de Estado respondeu: "Muito simples. Foi brindar aqui à própria casa onde estávamos, aos presentes, brindei a Portugal. Mas, se quisesse brindar aqui e falando para todos os portugueses, o que desejaria era paz. É fundamental a paz no mundo e na Europa".
"Saúde para todos os portugueses e, depois, se possível, acho muito importante, que as pessoas se entendam e se aceitem nas suas diferenças", destacou.
O Presidente revelou ainda que, há uns anos, a ceia de Natal era passada em sua casa e que era o último a chegar. "Demorava tanto tempo no Barreiro que houve anos em que cheguei às nove e tal", recordou.
Já questionado sobre já tinha feito as pazes com o filho, afirmou apenas: "Em momento oportuno isso acontecerá".
Pior ano? "Os anos da pandemia"
Marcelo considera ainda que a altura pior da sua Presidência, foram "os anos da pandemia". "O grande problema que eu tive nestes dez anos foram os dois anos de pandemia, declarar duas vezes estado de emergência e renovar umas dez vezes", afirmou, acrescentando: "Foi o problema mais difícil para resolver politicamente e doloroso em termos de decisão".
Já sobre o ano de 2023, para além do caso das gémeas, também o governo socialista de António Costa caiu, o que Marcelo Rebelo de Sousa considerou ter sido "uma tempestade perfeita".
"Aconteceu que, no dia 7 de novembro, o primeiro-ministro pedia a demissão, abre-se um período longo até às eleições e há uma crise política. Ao mesmo tempo, existe um ataque muito forte ou um ambiente muito pesado sobre o Presidente da República, que tem de exercer poderes pesados e a dissolução é pesada. Um Presidente fica numa situação difícil depois de uma dupla [com António Costa] que funcionou durante oito anos", salientou.
Sobre o facto de, neste seu último mandato, ter dissolvido três vezes a Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa procurou diferenciar as três ocasiões, salientando que na primeira, em 2022, "todos quiseram ir a eleições" e a última, já este ano, "resultou de uma iniciativa do primeiro-ministro, que quis ir a eleições", referindo-se à moção de confiança apresentada pelo Governo de Luís Montenegro.
"Mas o que é facto é que, apesar de três dissoluções, Portugal foi dos poucos países da Europa que tiveram só dois primeiros-ministros durante 10 anos. A Itália, a França, a Inglaterra, a Alemanha, os países do leste, nórdicos, todos tiveram, nestes últimos 10 anos, três, quatro, cinco, seis, sete, primeiros-ministros. Os portugueses tiveram o bom senso, ao votar, de encontrar soluções que significam isto", referiu.
Conselho de Estado em janeiro
Marcelo Rebelo de Sousa, recorde-se, convocou um Conselho de Estado para o início de janeiro. Questionado sobre se os membros que são também candidatos presidenciais estarão presente, referiu não saber. "São eles que têm de decidir", sublinhou.
"A Ucrânia é um tema fundamental na vida do mundo e da Europa. O Conselho de Estado está sem poder funcionar à espera da eleição dos conselheiros de Estado pela Assembleia da República há seis meses. A Assembleia está em funções há seis meses e eu tenho esperado há seis meses. A última vez que esteve marcado foi para dezembro para serem eleitos. Não me parece sensato quando se estão a tomar decisões fundamentais sobre a Ucrânia, que eu as discuta em Conselho Superior de Defesa Nacional e que não sejam discutidas em Conselho de Estado", referiu.
O chefe de Estado recorda ainda que "a posição da Europa em termos de apoio financeiro à Ucrânia, compromete os Estados para o futuro". "Não é muito natural que um Presidente saia de funções sem que o Conselho de Estado não possa apreciar essa matéria", disse.
Presidente da República convoca Conselho de Estado para 9 de janeiro
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou o Conselho de Estado para 09 de janeiro para analisar a situação internacional e, em particular, na Ucrânia, lê-se numa nota hoje divulgada.
Lusa | 11:48 - 23/12/2025Mensagem de ano novo? "Vai ser especial"
O Presidente da República disse ainda que irá fazer a habitual mensagem de Ano Novo, este ano. "Vai ser uma mensagem, obviamente, especial. Eu hesitei porque houve Presidente que fizeram e houve um que não fez. Ano Novo é Ano Novo e faço uma mensagem muita curta para desejar aquilo que se deseja no Ano Novo", frisou.
Questionado sobre qual é a sua maior qualidade enquanto Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "as pessoas são todas diferentes".
"Acho que qualquer dos candidatos que está presente tem condições para fazer uma melhor presidência do que a minha. Muito provavelmente, serão melhores Presidentes do que eu fui. A pessoa é como é. Diria que, para mim, é muito importante que um Presidente goste das pessoas. Não é uma qualidade como Presidente, é uma qualidade como pessoa. Gosto de pessoas", disse.
[Notícia atualizada às 15h29]
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