Boris Johnson critica relatório sobre a Covid-19: "Completamente confuso"
- 22/11/2025
Boris Johnson, antigo primeiro-ministro do Reino Unido, negou ter liderado um governo com uma "cultura tóxica e caótica" durante a Covid-19 e afirmou que o inquérito público à gestão da pandemia é "completamente confuso".
O relatório de uma comissão de inquérito, presidida pela ex-juíza Heather Hallett, concluiu que cerca de 23 mil mortes poderiam ter sido evitadas em Inglaterra se o primeiro confinamento no início da pandemia tivesse sido implementado mais cedo.
No entanto, para Boris Jonhson, o inquérito falhou em responder a duas "grandes questões": de onde veio o vírus SARS-CoV-2 e se os confinamentos foram eficazes.
"Em relação à Covid, há duas grandes questões: de onde veio o vírus e se os confinamentos valeram o preço terrível que pagámos. A investigação de 200 milhões de libras esterlinas da Baronesa Hallett, irremediavelmente incoerente, não conseguiu responder a nenhuma das duas", escreveu o antigo primeiro-ministro britânico num artigo de opinião no Daily Mail.
Boris Johnson defendeu que o inquérito deveria ser arquivado e insistiu que os envolvidos na resposta à pandemia de Covid-19 estavam a "dar o seu melhor", acusando a ex-juíza de "querer mais confinamentos".
"Ela parece ter criticado duramente o anterior governo conservador por não ter implementado confinamentos suficientemente rigorosos ou rápidos – precisamente quando o resto do mundo já considerava que os confinamentos eram provavelmente exagerados", afirmou.
On Covid there are two big questions: Where did the virus come from - and were the lockdowns worth the terrible price we paid? Baroness Hallett's hopelessly incoherent £200m inquiry failed to answer eitherhttps://t.co/6NdMrwM99T
— Boris Johnson (@BorisJohnson) November 22, 2025
O antigo primeiro-ministro britânico acusou, ainda, a ex-juíza Heather Hallett de "inconsistência impressionante" e de ser "completamente incoerente" por se basear em "previsões histéricas" sobre as mortes por Covid-19.
"Receio que a investigação pareça completamente confusa", atirou.
Ainda assim, disse estar "grato à Lady Hallett pelo seu trabalho, que foi claramente extenso", e mostrou-se "profundamente arrependido pelos erros cometidos pelo governo" que liderou.
"Tudo o que posso dizer é que todos os envolvidos fizeram o seu melhor, em circunstâncias bastante difíceis, para acertar e salvar vidas", sublinhou.
Inquérito alega que confinamento mais cedo teria evitado 23 mil mortes
Segundo o relatório, divulgado na quarta-feira, apesar da propagação do vírus no resto do mundo, as autoridades britânicas só o levaram a sério quando já era "tarde demais", e a imposição de um confinamento uma semana antes, em março de 2020, teria reduzido o número de mortes em 48% durante a primeira vaga, entre março e julho de 2020. Ou seja, teria evitado cerca de 23 mil mortes.
O relatório de 800 páginas critica o atraso em decretar o confinamento obrigatório em 23 de março de 2020, mas salienta que a decisão foi correta.
Outras conclusões indicam que havia uma "cultura tóxica e caótica" no governo britânico durante a pandemia, e que o ex-primeiro-ministro Boris Johnson "reforçou uma cultura em que as vozes mais altas prevaleciam e as opiniões de outros colegas, particularmente das mulheres, eram frequentemente ignoradas, em detrimento de uma boa tomada de decisões".
A investigação acrescenta que as alegações de violação das regras por ministros e assessores também causaram "enorme angústia e enfraqueceram a confiança do público nos seus governos".
O inquérito liderado por Hallett vai prolongar-se até 2027, devendo na próxima fase abordar o impacto nas crianças.
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