Bolsonaro alega "surto" e nega tentativa de fuga. Mas continuará detido
- 23/11/2025
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro alegou, durante a audiência que decorre este domingo, que a sua tentativa de danificar a pulseira eletrónica decorreu de um "surto" causado pela medicação que está a tomar, negando qualquer tentativa de fuga.
Ainda assim, a juíza resolveu manter a medida de prisão preventiva.
"Depoente [Bolsonaro] afirmou que estava com 'alucinação' de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa", lê-se na ata da audiência, protocolada pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino, citada pelo g1.
Bolsonaro respondeu por videoconferência às perguntas de uma juíza auxiliar no âmbito da sua detenção, após passar a primeira noite em prisão preventiva na sede da Polícia Federal, em Brasília.
A audiência de controlo de detenção é um procedimento considerado crucial para verificar a integridade física do detido e verificar se os seus direitos fundamentais foram violados.
O ex-presidente do Brasil revelou que tem sentido uma "certa paranoia" por causa dos medicamentos que tem tomado, que o levou a acreditar que havia um sistema de escuta na pulseira.
Os dois medicamentos citados são pregabalina (antiepiléptico) e sertralina (antidepressivo).
Bolsonaro, de 70 anos, alegou também que não dorme bem e que estava "alucinado". Por isso, resolveu usar um ferro de soldar na pulseira eletrónica. Contudo, revela que "caiu em si" e deteve-se no momento em que comunicou com os agentes.
Bolsonaro também admitiu que "não se lembra de ter um surto dessa natureza noutra ocasião" e que começou a tomar os medicamentos em causa "cerca de quatro dias antes dos factos que levaram à sua prisão".
O ex-presidente relatou que começou a manipular o aparelho desde a tarde de sexta-feira até à meia-noite de sábado, quando o dispositivo lançou um alerta às autoridades brasileiras, que compareceram imediatamente para verificar o que havia acontecido.
Jair Bolsonaro negou que tenha tentado tirar a pulseira para fugir, como afirma o juiz de instrução.
Depois de passar pela audiência de controlo, o líder ultranacionalista receberá ainda hoje a visita da sua mulher, Michelle Bolsonaro.
Recorde-se que Bolsonaro foi detido preventivamente no sábado por risco "concreto" de fuga e "ameaça à ordem pública", na véspera de começar a cumprir a pena de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
O líder de extrema-direita no Brasil estava em prisão domiciliária há quase quatro meses, mas na madrugada do sábado os agentes prenderam-no e levaram-no, sem algemas e sem a presença da imprensa, para a sede da Polícia Federal em Brasília.
O ex-presidente aguardava na sua residência em Brasília que o Supremo Tribunal Federal ordenasse a execução da sentença que o declarou culpado de "liderar" um golpe após perder as eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva.
Após a detenção, Jair Bolsonaro admitiu a agentes da Polícia Federal que usou um ferro de soldar para abrir a sua pulseira eletrónica, mas defendeu que foi por "curiosidade".
No início do mês, a Primeira Câmara do Supremo Tribunal Federal rejeitou por unanimidade os primeiros recursos de apelação, o que significava que o cumprimento da pena estava próximo.
No entanto, o juiz Alexandre de Moraes, relator do processo, antecipou-se a esse momento e decretou a sua prisão num dia pouco habitual, um sábado.
Segundo a imprensa brasileira, Bolsonaro (que foi presidente entre 2019 e 2023) ficará detido numa sala especial de cerca de 12 metros quadrados, equipada com cama, casa de banho privativa, janela, televisão, ar condicionado e um pequeno frigorífico.
[Notícia atualizada às 18h00]
Leia Também: Bolsonaro admite que usou "ferro de soldar" na pulseira eletrónica













