Beiras e Serra da Estrela espera solução para distribuição de jornais
- 05/12/2025
"Esta possibilidade, a concretizar-se, é penalizadora para os territórios de baixa densidade, as pessoas que aqui vivem também são portugueses de primeira", reagiu Carlos Condesso em declarações à agência Lusa.
Para o também autarca de Figueira de Castelo Rodrigo, a interioridade e as distâncias relativamente aos grandes centros já não podem ser argumentos para tomar este tipo de decisões.
"Hoje em dia, o nosso território já não fica assim tão longe como estava há décadas atrás. Temos boa rede viária, autoestradas, já chegamos a todo o lado mais rapidamente porque as distâncias são muito menores", considera Carlos Condesso.
O recém-eleito presidente da CIMRBSE realça, nomeadamente, o contributo do fim das portagens nas autoestradas A23 (Guarda-Torres Novas) e A25 (Aveiro-Vilar Formoso).
"A abolição das portagens nas autoestradas do interior veio facilitar as acessibilidades à nossa região e reduzir os custos da distribuição, os custos de contexto das empresas", disse.
Para Carlos Condesso, "Portugal é tão pequeno, serão cerca de 200 quilómetros do interior ao litoral, pelo que a distância não pode ser um critério para justificar este tipo de medidas que só contribuem para aumentar as desigualdades e penalizar ainda mais o interior".
"A informação é um bom instrumento para a literacia e para formação cívica e crítica dos cidadãos. Além disso, também se trata de um direito constitucional, pelo que ninguém pode ser excluído deste direito básico", sublinhou.
O presidente da CIMRBSE, com sede na Guarda, alerta que o interior "não pode ser votado ao abandono".
Dizendo esperar que a VASP não avance com esta decisão, o responsável apela ao "bom senso" da empresa que domina o mercado da distribuição de jornais e outras publicações em Portugal.
"Tem de haver uma solução e mecanismos que respeitem as questões concorrenciais", afirmou, garantindo que, nas Beiras e Serra da Estrela, os seus 15 municípios estão unidos "para que a imprensa chegue a cada cidade, a cada vila, a cada rua" desta Comunidade Intermunicipal.
E reitera: "Para tudo há solução, menos para a morte, por isso acredito que, com bom senso, se encontrará uma solução".
A CIM Região Beiras e Serra da Estrela, com sede na Guarda, é constituída por 15 municípios, sendo 12 do distrito da Guarda (Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Guarda, Gouveia, Manteigas, Meda, Pinhel, Seia, Sabugal e Trancoso) e três do distrito de Castelo Branco (Belmonte, Covilhã e Fundão).
A administração da Vasp informou que está a avaliar a necessidade de fazer ajustamentos na distribuição diária de jornais nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança.
Em comunicado, a Vasp refere que "atravessa, neste momento, uma situação financeira particularmente exigente, resultante da continuada quebra das vendas de imprensa e do aumento significativo dos custos operacionais, que colocam sob forte pressão a sustentabilidade da atual cobertura de distribuição de imprensa diária".
Esta conjuntura "tem impacto direto na viabilidade da distribuição diária de imprensa em pontos de venda, sobretudo nas regiões do interior do país", adianta a Vasp -- Distribuição e Logística.
A Vasp sublinha que "nenhuma decisão definitiva foi ainda tomada, estando esta avaliação em curso para encontrar alternativas que minimizem o impacto sobre editores, pontos de venda e populações" e manifesta "total disponibilidade para continuar o diálogo construtivo com editores, entidades públicas e demais parceiros institucionais" para encontrar soluções que "permitam preservar o acesso à imprensa à população portuguesa e evitar um cenário sem precedentes em democracia".
A Lusa contactou um dos administradores da Vasp, mas até ao momento não foi possível obter um comentário sobre o assunto.
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