Bachelet diz que "mundo está preparado" para uma mulher a liderar ONU
- 23/12/2025
Numa entrevista à agência noticiosa France-Presse (AFP), Bachelet, duas vezes Presidente do Chile (2006/10 e 2014/18), foi indicada em setembro como candidata ao cargo de secretária-geral da ONU pelo Presidente chileno cessante, Gabriel Boric (de esquerda).
Na segunda-feira, a socialista reuniu-se com o presidente eleito do Chile, o advogado de extrema-direita José Antonio Kast, que decidirá se apoia ou não a sua candidatura após assumir o cargo, a 11 de março do próximo ano.
Em 80 anos, nunca uma mulher foi eleita secretária-geral da ONU e apenas um representante da América Latina, o diplomata peruano Javier Pérez de Cuéllar, dirigiu a organização, de 1982 a 1991.
Segundo uma prática não regulamentada e nem sempre respeitada, o secretariado-geral é transmitido por rotação entre as grandes regiões do mundo. Desta vez, seria a vez da América Latina e os apelos multiplicaram-se para que uma mulher finalmente lidere a ONU.
Na entrevista à AFP, Bachelet referiu-se a uma "oportunidade histórica" para que uma mulher dê "uma contribuição diferente graças a uma liderança diferente".
Michelle Bachelet fez história no Chile ao tornar-se a primeira mulher a assumir a presidência do país. Após o seu primeiro mandato, assumiu a liderança da recém-criada agência ONU Mulheres. Entre 2018 e 2022, exerceu as funções de alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Pediatra de formação, a ex-chefe de Estado, hoje com 74 anos, acredita poder fazer com que as Nações Unidas "se modernizem e sejam mais eficientes, mais eficazes e mais transparentes".
Bachelet também apoia uma mediação do Brasil e do México diante das crescentes tensões entre Caracas e Washington.
"Que haja mediadores tão poderosos na região, como o Presidente [do Brasil, Luiz Inácio] Lula [da Silva] ou a Presidente [do México, Claudia] Sheinbaum, que podem ser uma solução. Isso poderia ser uma boa resposta", defendeu.
Os outros candidatos à sucessão do português António Guterres, cujo segundo mandato como secretário-geral da ONU termina no final de 2026, são a costa-riquenha Rebeca Grynspan, diretora da agência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), a ministra do Ambiente do México, Alicia Barcena, a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, e o argentino Rafael Grossi, diretor da Agência Internacional de Energia Atómica.
Este último apelou na segunda-feira a uma ONU "mais ativa" e considerou ser necessária uma "reforma consensual" da organização.
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