Artista Nnena Kalu vence Prémio Turner 2025
- 09/12/2025
Kalu foi distinguida pela obra "Drawing 21", que fez parte da mostra coletiva "Conservation", na Walker Art Gallery, em Liverpool, e pela instalação "Hanging Sculpture 1 to 10", na Manifesta 15, em Barcelona.
Autista, com uma comunicação verbal limitada, Nnena Kalu é a primeira artista com assumidas dificuldades de aprendizagem a receber o prémio britânico, referência no mundo da arte contemporânea, promovido pela Tate Britain.
Para o presidente do júri, Alex Farquharson, diretor da Tate Britain, a vitória da artista britânica-nigeriana representa um momento decisivo para o mundo da arte internacional.
"O trabalho de Nnena foi selecionado principalmente pela sua qualidade, mas, considerando que é uma artista neurodiversa e que a sua comunicação verbal é limitada, é alguém que antes estaria à margem", afirmou, citado pelo jornal The Guardian.
A sua vitória, prosseguiu Farquharson, "começa a apagar essa fronteira entre o artista neurotípico e o neurodiverso", permitindo perceber que, "na verdade, se tratava de uma barreira", mas "essa barreira está a desaparecer".
As instalações de Kalu assemelham-se a grandes casulos, feitos de materiais reciclados como tecido, papel, cartão e fitas de velhas cassetes de VHS, dando origem a um "trabalho colorido, ousado e cativante", segundo o júri.
"A vibrante tradução de gestos expressivos em esculturas e desenhos abstratos fascinantes" e "a delicadeza com que domina a escala, a composição e a cor" definem "a poderosa presença" das obras de Nnena Kalu, lê-se na declaração do júri divulgada pela Tate Britain.
Kalu trabalha em estreita colaboração com a facilitadora artística Charlotte Hollinshead, que lidera a equipa da Action Space, no bairro londrino de Wandsworth, que apoia a artista desde 1999.
Além de Alex Farquharson, o júri do Prémio Turner 2025 foi composto pelo curador independente Andrew Bonacina, pela diretora da Bienal de Liverpool, Sam Lackey, pelo curador associado de Projetos Contemporâneos da National Gallery, Priyesh Mistry, e por Habda Rashid, curadora sénior de Arte Moderna e Contemporânea do Fitzwilliam Museum.
O anúncio da vencedora foi feito pelo mágico Steven Frayne (Dynamo), natural de Bradford, Capital Europeia da Cultura 2025, que acolheu a cerimónia.
Nnena Kalu, nascida em Glasgow, Escócia, em 1966, de pais nigerianos, era um dos quatro finalistas do Prémio Turner deste ano, com Rene Matic, nascido no Reino Unido, Mohammed Sami, natural de Bagdad, e Zadie Xa, canadiana de origem sul-coreana, todos residentes em Londres, onde trabalham.
Mohammed Sami foi nomeado pela exposição "After the Storm", na Blenheim Art Foundation, composta por 14 pinturas de larga escala, que aludem ao conflito no Iraque, onde nasceu.
Rene Matic, que tem ascendência irlandesa e de Santa Lúcia, foi nomeado pela exposição "As opposed to the truth", uma série de fotografias de manifestações políticas, influenciada pela sua experiência como pessoa queer e mestiça em Peterborough, no Reino Unido, onde nasceu.
Zadie Xa foi nomeada pela exposição "Moonlit Confessions Across Deep Sea Echoes", que levou à Bienal de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos.
No valor de 25 mil libras (cerca de 28,6 mil euros), o Prémio Turner tem por objetivo "promover o debate público dos novos desenvolvimentos da arte britânica contemporânea". É organizado pela Tate Britain e toma o nome do pintor JMW Turner, nascido há 250 anos.
A exposição dos quatro artistas fica patente na Cartwright Hall Art Gallery, em Bradford, até 22 de fevereiro.
No ano passado, a vencedora do prémio Turner foi a artista escocesa Jasleen Kaur, pela exposição "Alter Altar".
No próximo ano, o vencedor será anunciado no Middlesbrough Institute of Modern Art.
[Notícia atualizada às 21h32]
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