Após ser retirada pela CBS, reportagem sobre deportações aparece online
- 24/12/2025
Um dos mais respeitados programas de jornalismo nos Estados Unidos, e alvo frequente de crÃticas de Donald Trump, o "60 Minutes" tornou-se nos últimos dias alvo de acusações de auto censura a favor do Presidente, visando a nova diretora Bari Weiss, e não está esclarecido de que forma terá sido disponibilizada online a reportagem, sobre cuja autenticidade a CBS não se pronunciou ainda.Â
A Global Television Network, uma das maiores emissoras do Canadá, exibiu uma versão da reportagem da jornalista Sharyn Alfonsi, igualmente sem se pronunciar se é igual à que foi retirada do ar pela CBS.Â
Também disponÃvel num site que capta e preserva páginas web, a reportagem contém entrevistas com imigrantes enviados para o Centro de Confinamento de Terroristas (CECOT), em El Salvador, no âmbito da agressiva polÃtica de anti imigração de Donald Trump.
Dois deportados no vÃdeo divulgado relatam tortura, espancamentos e outros abusos; um venezuelano afirma ter sofrido abusos sexuais e confinamento solitário.
Um estudante universitário disse ter sido espancado e que após a sua chegada os guardas lhe arrancaram um dente, relatando "um inferno". Â
A reportagem inclui ainda depoimentos de especialistas que questionaram a legalidade da deportação precipitada de imigrantes com decisões judiciais pendentes.Â
São ainda apresentadas conclusões da Human Rights Watch indicando que apenas oito homens deportados tinham sido condenados por crimes violentos ou potencialmente violentos, com base nos dados do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em lÃngua inglesa).
A decisão de retirar a reportagem foi recebida com acusações generalizadas de que a administração da CBS estaria a proteger o Presidente de uma cobertura desfavorável.
A autora da reportagem, Sharyn Alfonsi, sustentou num e-mail enviado a outros correspondentes do "60 Minutes" que o artigo era factual e tinha sido aprovado pelos advogados da CBS e pela divisão de normas da cadeia televisiva.Â
A diretora de informação da CBS, Bari Weiss, afirmou na segunda-feira que a reportagem não "aprofundou o assunto" que tratava.
Salientando que a administração Trump se recusou a comentar as alegações, Weiss disse que gostaria que fosse feito um esforço maior para obter o ponto de vista governamental e que aguardava ansiosamente a exibição da reportagem de Alfonsi "quando estivesse pronta".
Antes de ser contratada pela CBS, Weiss trabalhou no The New York Times e tornou-se conhecida pelas suas crÃticas à cultura "woke" e aos media tradicionais.
Mais tarde criou a sua própria empresa de media, a The Free Press.
A CBS News contratou Bari Weiss em outubro, comprando o The Free Press por aproximadamente 150 milhões de dólares e nomeando-a para a liderança da informação da cadeia, onde reporta a diretamente a David Ellison, presidente executivo da Paramount Skydance, de forma inédita.
Ellison nomeou Weiss com a missão de "modernizar o conteúdo" e fornecer uma "diversidade de pontos de vista", numa estação frequentemente acusada por meios conservadores de ter um pendor liberal. Â
Considerado um aliado de Trump, Ellison aparece frequentemente com o Presidente em eventos públicos, incluindo combates de luta livre UFC.
Para garantir a aprovação federal da fusão entre a Paramount, proprietária da CBS, e a Skydance em julho, a equipa de Ellison terá assumido compromissos com a administração Trump para "modernizar" a CBS News, incluindo a nomeação de um provedor para receber queixas de enviesamento ideológico, segundo os media norte-americanos.
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