Após greve, para onde vai negociação? Que dizem os candidatos a Belém
- 12/12/2025
A ministra do Trabalho convocou esta sexta-feira, dia 12 de dezembro, a UGT para uma reunião na próxima terça-feira, tendo em vista continuar as negociações sobre o anteprojeto do Governo de reforma da legislação laboral.
"Apesar da realização da greve geral que interrompeu o processo negocial que estava em curso, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social convocou hoje, um dia a seguir à greve geral, a UGT para uma reunião na próxima terça-feira, às 17 horas, para prosseguir as negociações", revela a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, citada numa nota do ministério enviada à Lusa.
A convocatória surge um dia depois da greve geral convocada pela CGTP e UGT contra as alterações à lei laboral propostas pelo Governo - e que estão a ser discutidas em Concertação Social.
Já o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, manifestou também esta sexta-feira "o desejo e a confiança" num acordo com as centrais sindicais, relativamente à revisão laboral, em declarações citadas pela RTP, a partir de Bruxelas.Â
E os candidatos à Presidência da República? Que disseram?
LuÃs Marques Mendes, em visita à lota da Costa da Caparica, em Almada, falou sobre a greve geral e a possibilidade de entendimento entre a UGT e o Governo, considerando que "se todos tiverem o espÃrito de equilÃbrio, de abertura, de diálogo e de negociação, acho que vamos ter um acordo. Se não houver esse espÃrito, então, a situação vai-se complicar".
Questionado sobre a possibilidade de o Executivo ter minado as possibilidade de negociação, ao dizer que a greve geral foi "inexpressiva", Marques Mendes desvalorizou: "Cada um faz o seu papel. Os sindicatos atacaram o Governo e o Governo desvalorizou a greve. O mais importante é haver uma reunião já na próxima semana entre o Governo e a UGT e depois alargando aos parceiros sociais na concertação social. Se isso acontecer é o melhor sinal que tivemos no dia de hoje", notou.
Por sua vez, António José Seguro apelou ao Governo para retirar a proposta laboral e iniciar novas conversações para haver paz e estabilidade social necessárias: "Volto a fazer um apelo ao Governo para que retire esta proposta e inicie novas conversações na concertação social entre empresários e representantes dos trabalhadores", desafiou o candidato.
No entender de António José Seguro, o pacote apresentado pelo Executivo de LuÃs Montenegro "fere um princÃpio democrático, porque esta proposta de legislação laboral não foi apresentada aos eleitores na campanha eleitoral, depois falhou na concertação social". "Não percebo, nem a oportunidade nem a necessidade desta legislação laboral".Â
Já Gouveia e Melo disse discordar da atitude com que Governo e parceiros sociais estão a negociar a proposta de reforma laboral e apelou "à coesão" das partes em torno de um novo modelo de desenvolvimento económico do paÃs. "Por que é que não nos conseguimos unir à volta de um facto, que é a nossa economia ter que ser mais próspera, pagar melhores salários e não precarizar os trabalhadores?", alertou em declarações, hoje, à agência Lusa, durante a passagem pela cidade da Guarda.
O candidato presidencial disse ser necessário que os parceiros da concertação social encontrem um "equilÃbrio", porque "só com coesão é que se desenvolve a economia: "Discordo da atitude com que se está a negociar. Nós temos que negociar, os sindicatos, os empresários e o Governo têm de perceber que a coesão para uma nova economia é o pilar fundamental de um modelo diferente de desenvolvimento económico que tem que passar por uma economia que paga melhores salários", afirmou.
João Cotrim Figueiredo reconheceu que a greve geral teve uma "adesão significativa", apesar de considerá-la sobretudo circunscrita ao setor público, mas pediu ao Governo que não inverta prioridades "só porque encontra uma resistência social".
"Só espero que, se o Governo reconhece na necessidade de alterar a legislação laboral e torná-la mais flexÃvel uma prioridade, pura e simplesmente não inverta essa prioridade só porque encontra uma resistência social", afirmou João Cotrim Figueiredo em declarações aos jornalistas após ter visitado a instituição Dona Ajuda, em Lisboa.
E Jorge Pinto aconselhou o Governo, no rescaldo da greve geral de quinta-feira, a ouvir os trabalhadores quando voltar a sentar-se à mesa com as centrais sindicais para debater o novo pacote laboral. "Não é só falar, é falar e ouvir. O Governo não tem querido ouvir os trabalhadores e ontem continuou a não querer ouvir os trabalhadores quando o ministro Leitão Amaro disse que a adesão à greve foi inexpressiva", acrescentou o candidato apoiado pelo Livre, no Porto, à margem de um jantar com apoiantes.
Questionado sobre a possibilidade de um acordo, Jorge Pinto respondeu positivamente, mas lembrando que a UGT "foi muito clara quando disse que não exclui uma nova greve geral", frisando o candidato que o que está em causa "são ataques tremendos, como há décadas não via aos direitos dos trabalhadores e à s suas famÃlias".
Chega vota contra pacote laboral (se não houver cedências do Governo)
Recorde-se que o presidente do Chega, André Ventura, anunciou que o seu partido votará contra o novo pacote laboral no Parlamento se o Governo não ceder em matérias como o despedimentos e alterações na área da parentalidade.
"Se fosse como está agora, está mal, [o Chega] está contra. Porque está errado. É um ataque a quem trabalha, é um ataque a quem investe, é um ataque a quem se esforça. É tão simples como isto", disse o também candidato a Belém, após ser questionado sobre se o partido votará contra o diploma se não houver alterações.
Com a atual composição parlamentar, o Governo PSD/CDS-PP necessita do apoio do PS ou do Chega, no mÃnimo, para conseguir uma maioria para a viabilização de diplomas. Porém, os socialistas têm mantido uma postura muito crÃtica e já manifestaram que não encontram quaisquer "pontos positivos" nesta proposta de legislação laboral, sendo que, mantendo-se a oposição do partido de Ventura, as alterações correm o risco de serem chumbadas pela Assembleia da República.
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