António Filipe acusa PM de usar salário mínimo para desmobilizar greve
- 09/12/2025
"Eu acho que realista seria. Agora, eu não vejo da parte do primeiro-ministro vontade política para lá chegar, porque isso entra flagrantemente em contradição com aquilo que tem sido a prática política deste Governo, porque podia ter aumentado significativamente o salário mínimo e não o fez", disse, após ser questionado sobre se considera plausível o objetivo definido por Luís Montenegro de chegar a um salário mínimo de 1.600 euros no final da legislatura.
António Filipe, que falava aos jornalistas após uma sessão de perguntas e respostas com estudantes do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, considerou uma injustiça o atual salário mínimo, acrescentando que o executivo "não tem feito nada para alterar isso positivamente" e que o novo pacote laboral vai pressionar negativamente os rendimentos.
Para o candidato apoiado pelo PCP, esta é uma tentativa do primeiro-ministro de, adivinhando uma forte adesão, "desmobilizar a greve geral" da próxima quinta-feira.
"Naturalmente que os trabalhadores não só têm todas as razões para a manter, como essa proposta do primeiro-ministro tem algo de despudorada, tendo em conta aquilo que tem sido a prática política deste Governo", atirou.
No sábado, o primeiro-ministro e presidente do PSD, Luís Montenegro, aumentou os objetivos salariais para o país, falando em 1.600 euros de salário mínimo e 3.000 euros de médio, um dia após mencionar valores inferiores.
Inquirido sobre o facto da revista "The Economist" ter escolhido Portugal como a "economia do ano", António Filipe alegou que os responsáveis por essa avaliação "seguramente não vive" no país e usa indicadores que "não são abonatórios para o país", como o impacto do turismo ou do regime de residentes não habituais.
António Filipe falou também sobre as declarações do procurador-geral da República, Amadeu Guerra, para pedir maior transparência ao Ministério Público nas investigações que tem em curso, argumentando que "tem havido alguma opacidade perante o país e a opinião pública que provoca alguma perplexidade perante notícias que vão surgindo".
"Eu acho que é importante que a justiça se prestigie aos olhos dos cidadãos e eu acho que, para isso, uma informação suficiente nos termos da lei sobre aquilo que é a atuação da justiça é importante", defendeu.
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