António Filipe acusa ministro de "conviver mal" com liberdade de imprensa
- 23/12/2025
"Quando um ministro considera que deve ser feita uma investigação a um órgão de comunicação social porque transmitiu declarações suas, eu acho que isso já não é só insólito, é algo completamente inaceitável e este ministro da Educação adapta-se pouco a viver num regime democrático e convive mal com a liberdade de imprensa e de comunicação social", criticou António Filipe, à margem de uma visita ao quartel dos bombeiros voluntários de Algueirão-Mem Martins, em Sintra.
Em causa estão as declarações do ministro da Educação, Fernando Alexandre, que na semana passada numa cerimónia em Lisboa defendeu que as residências públicas devem ter alunos de vários estratos sociais, caso contrário, dando prioridade aos bolseiros, irão degradar-se mais rapidamente.
Posteriormente, em declarações na RTP-Notícias, o ministro considerou que as suas palavras foram descontextualizadas e em entrevista ao jornal digital ECO, divulgada na sexta-feira, referiu que a RTP esteve presente na sessão toda, considerando que a escolha do trecho que foi transmitido não foi por acaso.
"A direção tem de investigar por que razão a jornalista escolheu aquele trecho. Quem esteve na sessão não ficou com a ideia que a RTP passou. Eu fiz um discurso longo e contextualizei aquilo que estava a dizer", apontou na entrevista.
"Nós vimos e ouvimos essas declarações, depois vimos e ouvimos o ministro a querer dizer que aquilo que nós vimos e ouvimos não foi o que ele disse", salientou António Filipe.
Para o candidato presidencial apoiado pelo PCP, as declarações iniciais foram "muito reveladoras daquilo que o ministro pensa relativamente à sociedade portuguesa" e a ideia de uma investigação além de "excessiva" é "inaceitável".
O Conselho de Redação da RTP defendeu que a entrevista de Fernando Alexandre ao ECO "contém afirmações que colocam em causa, de forma grave e injustificada, o bom nome, o profissionalismo, a idoneidade e a ética" da redação.
"As referências a alegadas 'agendas camufladas' e a 'incompetência' não são meras críticas: são acusações que atingem diretamente a credibilidade da informação da RTP e os seus profissionais", pode ler-se, num comunicado enviado à Lusa.
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