Antologia de Rainer Maria Rilke inclui texto inédito em Portugal
- 26/11/2025
A organização e tradução dos textos é de Maria Teresa Dias Furtado, especialista da obra do poeta austro-húngaro nascido há 150 anos em Praga (atual Chéquia).
"As Anotações de Malte Laurids Brigge" (1910) é "o primeiro [romance] da modernidade alemã", refere a tradutora.
A publicação da antologia, com o título "Exposto sobre as Montanhas do Coração", pela Assírio & Alvim insere-se na celebração dos 150 anos do seu nascimento.
No prefácio da obra, Maria Teresa Furtado afirma que Rilke (1875-1926) "foi talvez o último poeta a viver como tal, isto é, muito lido e apreciado".
O livro "Exposto sobre as Montanhas do Coração" é apresentado na sexta-feira às 18:30, na Livraria Ler Devagar, em Lisboa, pela tradutora, que lerá alguns dos poemas, e pelo poeta e ex-ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes.
O texto "Testamento" é "um documento fundamental para perceber a crise em que Rilke estava mergulhado antes de achar a luz que o permitiria acabar as suas duas obras-primas, 'As Elegias de Duíno" e 'Os Sonetos a Orfeu'", também editadas em português, traduzidas por Maria Teresa Furtado.
Trata-se de "um curioso texto com um editor fictício, em que o poeta pretende atuar na realidade através da vontade testamental e, como patente na epígrafe que escolheu para abrir essa obra, agarrando assim o seu destino", explica a tradutora e organizadora da obra.
Rainer Maria Rilke, "com uma vida social intensa", conviveu com a aristocracia e empresários do seu tempo, que "punham à sua disposição palácios e castelos para, em silêncio, começar e acabar as suas obras", e chamou a atenção do público em 1905 com "O Livro das Horas".
Furtado refere que antes da maturidade como poeta, Rilke "foi aprendiz de muitos estilos e formas, deles colhendo variados ciclos de poemas", mas destacou-se por ter sido "o que mais faz entrelaçar a palavra com as obras de arte, dos ícones às paisagens, à escultura de [Auguste] Rodin e à pintura de [Paul] Cézane".
Refira-se que Rilke chegou a ser secretário de Rodin, que o aconselhou a trabalhar sempre e a ter paciência.
Sobre Rilke a investigadora não tem dúvidas: "Poeta acima de tudo, a sua vida foi dedicada a esse género que considerava supremo".
"Cantemos pois a sua obra, admirando poemas, cartas, prosas" de um "poeta mundial que Rilke é, grande entre os grandes, maior entre os maiores", remata Maria Teresa Dias Furtado.
Leia Também: Inéditos de Hemingway, Kaváfis e Fosse nas novidades literárias do mês













