Amnistia acusa Israel de "manter genocídio" apesar do cessar-fogo
- 27/11/2025
"Autoridades de Israel continuam a cometer genocídio contra os palestinianos na Faixa de Gaza ocupada, infligindo deliberadamente condições de vida calculadas para provocar a sua destruição física", alegou a organização em comunicado.
A Amnistia Internacional reporta que, desde o anúncio do cessar-fogo, "pelo menos 327 palestinianos, incluindo 136 crianças, foram mortos em ataques israelitas", e acusa Israel de manter "restrições severas" à entrada de ajuda humanitária essencial, violações que considera em incumprimento com ordens do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ).
A secretária-geral, Agnès Callamard, afirmou que o cessar-fogo "corre o risco de criar uma ilusão perigosa" sobre a situação em Gaza.
Segundo a responsável, Israel continua a limitar a chegada de alimentos, medicamentos, combustível e materiais necessários para reparar infraestruturas fundamentais, bem como a restringir a distribuição de ajuda no terreno.
A organização publicou em dezembro de 2024 uma análise jurídica em que concluía que Israel estava a "cometer genocídio em Gaza", invocando três atos proibidos pela Convenção sobre o Genocídio: assassinatos, provocação de danos físicos ou mentais graves e imposição deliberada de condições de vida que poderiam levar à destruição da população.
A organização acrescentou que a população de Gaza permanece "retida em menos de metade do território", em zonas "menos capazes de sustentar a vida", entre as quais eram continuamente obrigadas a deslocar-se.
Agnès Callamard acusou ainda Israel de não investigar nem responsabilizar dirigentes políticos por incitações ou atos relacionados com o que a organização classifica como genocídio, criticando o que considera ser uma redução recente da pressão internacional.
Entre os exemplos citados estão o levantamento pelo Governo alemão, de restrições a licenças de exportação de armas e o cancelamento de uma votação sobre a suspensão do acordo comercial entre a UE e Israel.
A Amnistia apelou aos Estados para que mantenham a pressão sobre Israel, suspendam transferências de armas e exijam acesso para observadores de direitos humanos e jornalistas, defendendo que "o cessar-fogo não se deve tornar uma cortina de fumo" sobre a situação em Gaza.
O cessar-fogo, iniciado no dia 10 de outubro, tinha como objetivo pôr fim a dois anos de guerra no Médio Oriente, desencadeada pelo ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel, no qual 1.200 pessoas foram mortas e mais de duas centenas raptadas.
Em dois anos de guerra, mais de 69.000 palestinianos foram mortos na Faixa de Gaza, segundo dados confirmados pela ONU.
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