Alemanha quer 'joint ventures' com Kyiv para produzir armamento
- 01/07/2025
"Queremos construir novas 'joint ventures' para que a própria Ucrânia possa produzir mais rapidamente e em maior quantidade para a sua própria defesa, porque as suas necessidades são enormes", disse o ministro alemão, Johann Wadephul, em Kyiv acompanhado por representantes da indústria de defesa alemã.
"Vemos a nossa tarefa como ajudar a Ucrânia para que possa negociar com mais firmeza", afirmou Wadephul numa conferência de imprensa com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiha.
"A nossa cooperação em armamento é um verdadeiro trunfo, é uma continuação lógica do nosso fornecimento de material (...) E podemos até beneficiar mutuamente disso --- com a sua riqueza de ideias e a sua experiência, tornar-nos-emos melhores", adiantou o ministro alemão, que deverá também reunir-se com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Quando [Vladimir] Putin (Presidente russo) fala de paz hoje, é puro escárnio. (...) A sua aparente prontidão para negociar é apenas uma fachada até agora", frisou o ministro alemão.
Apesar das iniciativas dos últimos meses para um entendimento entre Putin e Zelensky, os ataques russos com mísseis balísticos e 'drones' prosseguem diariamente, tal como investidas ao longo da linha da frente de aproximadamente 1.000 quilómetros.
Também hoje, o governador nomeado pela Rússia para a região ocupada de Luhansk, na Ucrânia, reivindicou que Moscovo ocupa toda a região, uma das quatro cuja anexação ilegal anunciou em setembro de 2022 sem que controlasse totalmente qualquer uma delas.
O líder da região ocupada, Leonid Pasechnik, afirmou hoje ao Canal Um da TV estatal russa que foi informado "literalmente há dois dias" que "100%" da região estava agora sob o controlo das forças russas.
A Ucrânia está em desvantagem armada e com falta de pessoal na linha da frente, e a ajuda internacional tem sido vital para a resistência ucraniana contra o exército e a economia do país-vizinho, significativamente maiores.
A Alemanha tem sido o segundo maior financiador militar da Ucrânia, a seguir aos Estados Unidos, que tem vindo a retrair-se.
A viagem do principal diplomata alemão a Kyiv ocorreu menos de 48 horas depois de a Rússia ter lançado o seu maior ataque aéreo combinado contra a Ucrânia no fim de semana, segundo as autoridades ucranianas, numa crescente campanha de bombardeamentos que frustrou ainda mais as esperanças de um avanço nos esforços de paz.
A Força Aérea da Ucrânia informou na segunda-feira que detetou durante a noite 107 'drones' russos, de tipo Shahed e de 'isco', no espaço aéreo do país.
Os ataques na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, fizeram dois mortos civis e oito feridos, incluindo uma criança de seis anos, informou hoje o governador regional, Oleh Syniehubov.
Os ataques aéreos são calculados pela Rússia para forçar a submissão da Ucrânia, de acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra.
"A Rússia continua a utilizar um número cada vez maior de 'drones' nos seus pacotes de ataque noturno para sobrecarregar as defesas aéreas ucranianas e permitir ataques subsequentes com mísseis de cruzeiro e balísticos", afirmou o 'think tank' sediado em Washington na sua mais recente análise do conflito.
"O aumento dos pacotes de ataque da Rússia nas últimas semanas deve-se, em grande parte, aos esforços da Rússia para ampliar a sua produção industrial de defesa, particularmente de drones Shahed e chamarizes, bem como mísseis balísticos", acrescentou o instituto.
Sybiha agradeceu hoje à Alemanha pela sua contribuição para a defesa aérea da Ucrânia e instou Berlim a enviar mais sistemas antimíssil.
Os russos "estão a atacar alvos civis para criar pânico, para influenciar a moral da nossa população", disse.
"A chave é o sistema de defesa aérea", frisou
O novo chanceler alemão, Friedrich Merz, prometeu em maio ajudar a Ucrânia a desenvolver os seus próprios sistemas de mísseis de longo alcance, livres de quaisquer limitações impostas pelo Ocidente quanto à sua utilização e alvos.
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