Ajustes diretos na Marinha? "Explicar é obrigação de Gouveia e Melo"
- 29/12/2025
O candidato presidencial Luís Marques Mendes reagiu à abertura de um inquérito a Henrique Gouveia e Melo por parte do Ministério Público (MP). Em causa estão ajustes diretos feitos enquanto Gouveia e Melo estava à frente da Marinha.
"Aquilo que me parece importante nesta altura é que o candidato Gouveia e Melo venha a público dar uma explicação. É o seu dever e obrigação", afirmou Luís Marques Mendes em declarações aos jornalistas, em Castelo de Vide, no distrito de Portalegre.
"Há uma investigação judicial a Gouveia e Melo que eu não conhecia. O país não conhecia. Aí, a justiça vai decidir no seu tempo próprio", apontou.
Marques Mendes reforçou que uma explicação pública era "dever e obrigação de Gouveia e Melo, se está a ser investigado", e mostrou-se confiante de que o ex-almirante iria "seguramente dar uma explicação" - o que aconteceu minutos depois da intervenção de Marques Mendes.
Questionado sobre se ficou surpreendido com a investigação do MP, Marques Mendes confessou que sim: "Fiquei, porque não sabia. Não sei se algum português sabia. Para mim foi completa novidade. Mas insisto: não comento suspeitas".
Boletins e nomes que não deviam lá estar: "Lamentável"
Marques Mendes foi também questionado quanto à polémica que envolve os boletins de voto, que vão contar com três nomes de cidadãos que tentaram entrar na corrida a Belém, mas não cumpriram os pressupostos exigidos, ficando de fora da corrida. "Acho que mais do que estranho, é um sintoma de desleixo por parte do Estado. Acho inqualificável. Acho lamentável. O Tribunal Constitucional diz que há 11 candidatos em condições de disputarem a eleição e depois no boletim aparecem 14? É desleixo da parte do Estado."
Para além de classificar a situação - que já tem vindo a ser criticada - como desleixo, Marques Mendes apontou ainda que esta devia ser "corrigida". "Alguém devia dar uma explicação e, sobretudo, corrigir esta situação. Acho profundamente lamentável. É um sinal do pior desleixo possível da parte do Estado."
Conselho de Estado? "Normal não é"
Também a reunião de Conselho de Estado marcada para 9 de janeiro foi um tema - novamente - abordado. Note-se que já no domingo o candidato falou sobre esta reunião, marcada nos últimos dias. Esta deverá ser a última reunião presidida por Marcelo Rebelo de Sousa. Aos jornalistas, Marques Mendes disse ontem que a reunião significa "três horas a menos na campanha" e que não tem nenhum problema com isso.
As declarações surgiram depois de Gouveia e Melo ter dito que ser-se membro do Conselho de Estado não é compatível com ser-se candidato presidencial, referindo-se apenas a Marques Mendes. Note-se que também André Ventura é Conselheiro de Estado.
Esta segunda-feira, Marques Mendes foi questionado sobre o timing da reunião, dado que esta decorre pouco antes das Presidenciais, marcadas para 18 de janeiro. "Normal não é. Mas há muitas coisas anormais que estão neste momento a acontecer. As notícias apontam para que possamos estar na iminência de uma solução na Ucrânia - não sei se sim, se não. As notícias dizem que sim. Portugal tem obrigações nesse domínio - quer em matéria de financiamento, quer eventual utilização de tropas em tempo de paz. Perante isto, o Presidente terá considerado urgente ouvir o Conselho de Estado."
"Não tenho razões para duvidar do critério do Presidente da República. Manda o sentido de Estado que, se é preciso fazer um Conselho de Estado, se faça - mesmo em campanha eleitoral e quem é Conselheiro de Estado tire um bocadinho da campanha. É colocar os interesses do país acima de quaisquer outros interesses", reforçou.
[Notícia atualizada às 12h18]
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