Afeganistão. Número de retornados varia entre 5.000 e 7.000 por dia
- 19/11/2025
O número tem vindo a crescer desde o início do mês, quando o Paquistão reabriu passagem fronteiriça de Torkham, exclusivamente para o regresso de refugiados afegãos.
Esta passagem, assim como outras, estavam fechadas desde outubro na sequência de confrontos fronteiriços que incluíram ataques aéreos paquistaneses em solo afegão e uma contraofensiva talibã que causou dezenas de mortos.
Um relatório publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) a 12 de novembro indicou que o Afeganistão está a atravessar uma das maiores migrações de regresso dos últimos anos.
"Mais de 2,3 milhões de pessoas regressaram em 2025, muitas das quais sem poupanças, documentos ou habitação", referiu o documento.
Além dos milhares de pessoas que atravessam a fronteira diariamente, "há também uma longa fila de camiões carregados de mercadorias" à espera de autorização para passar, mas "o número de camiões está a diminuir a cada dia que passa", adiantou o responsável da polícia fronteiriça paquistanesa, Habib Ullah.
Mesmo depois de entrarem no Afeganistão, a situação não se torna mais fácil.
"Depois de esperarmos muito tempo para poder atravessar a fronteira, os nossos filhos adoeceram por causa do frio e do clima outonal", contou um repatriado chamado Akhtar Mohammad, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
"Mesmo aqui nos campos, não temos mantimentos adequados nem acesso a medicamentos, e nos nossos locais de residência originais também não temos abrigo adequado, numa altura em que o inverno se torna cada vez mais rigoroso", acrescentou.
O relatório do PNUD indicou ainda que os repatriados estão a instalar-se nas regiões pobres do leste e norte do país, intensificando a competição por empregos, habitação, água e outros serviços básicos e sobrecarregando a capacidade de resposta local.
O documento referiu ainda que nove em cada 10 famílias afegãs disseram recorrer a estratégias de sobrevivência negativas, como reduzir refeições, vender pertences e depender de empréstimos.
"O endividamento generalizou-se em todos os grupos populacionais, variando entre 88% das famílias de quem regressou e 81% das famílias da comunidade de acolhimento", destacou o relatório da organização.
O chefe do Departamento de Refugiados em Kandahar, no sul do Afeganistão, o mufti (académico islâmico) Nematullah Alfat, garantiu, no entanto, que "o Emirado Islâmico fez todos os preparativos possíveis" para acolher estas pessoas, pelo que são fornecidos alimentos, bens não alimentares e assistência financeira nos acampamentos temporários, sendo depois recolocadas em acampamentos permanentes.
O Paquistão e o Afeganistão partilham uma fronteira de 2.600 quilómetros conhecida como Linha Durand.
Em outubro, confrontos armados ao longo desta linha fizeram dezenas de mortos e levaram o Qatar e a Turquia a mediar um precário cessar-fogo.
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