Acusações do ministro da Educação sobre RTP são "graves e injustificadas"
- 23/12/2025
O ministro da Educação defendeu, numa cerimónia em Lisboa na semana passada, que as residências públicas devem ter alunos de vários estratos sociais, caso contrário, dando prioridade aos bolseiros, irão degradar-se mais rapidamente.
Posteriormente, em declarações na RTP-Notícias, o ministro considerou que as suas palavras foram descontextualizadas: "O que eu disse é que, quando tenho um serviço público que é usado apenas por pessoas que não têm voz, que são de rendimentos mais baixos, por razões de gestão, o serviço se degrada", disse Fernando Alexandre.
Em entrevista ao jornal digital ECO divulgada na sexta-feira, Fernando Alexandre referiu que a RTP esteve presente na sessão toda, considerando que a escolha do trecho que foi transmitido não foi por acaso.
"A direção tem de investigar por que razão a jornalista escolheu aquele trecho. Quem esteve na sessão não ficou com a ideia que a RTP passou. Eu fiz um discurso longo e contextualizei aquilo que estava a dizer", apontou na entrevista.
O Conselho de Redação da RTP (CR-TV) frisou hoje que a entrevista de Fernando Alexandre ao ECO "contém afirmações que colocam em causa, de forma grave e injustificada, o bom nome, o profissionalismo, a idoneidade e a ética" da redação.
"As referências a alegadas 'agendas camufladas' e a 'incompetência' não são meras críticas: são acusações que atingem diretamente a credibilidade da informação da RTP e os seus profissionais", pode ler-se, num comunicado enviado à Lusa.
Para o CR-TV, as declarações do ministro da educação não devem passar "sem resposta" e instou a Direção de Informação a tomar uma "posição pública firme, repudiando as insinuações e reafirmando a independência editorial, o rigor e a ética" do trabalho jornalístico.
Defendeu ainda que a Direção de Informação "esclareça os critérios editoriais que sustentaram a peça em causa, garantindo transparência perante a opinião pública" e "reforce o compromisso com o serviço público, lembrando que a RTP não serve agendas, mas sim os cidadãos, com informação verificada, plural e responsável".
O CR-TV frisou ainda que o Conselho de Administração tem igualmente "o dever de defender o bom nome da RTP e dos seus profissionais, assegurando que estas acusações não minam a confiança no jornalismo" que é praticado.
"Este é o momento de união e firmeza. A nossa história e a nossa missão exigem que respondamos com clareza e dignidade", apontou ainda.
Leia Também: Ministro da Educação quer explicações da RTP. "Ataque cobarde e vil"













