Acordo de Bicesse marca "reconcilição de Portugal com a sua história"
- 17/11/2025
No final de um debate sobre a apresentação de um livro sobre o acordo de Bicesse, que marca o fim da guerra civil em Angola, o então secretário de Estado que liderou a mediação portuguesa entre o governo angolano, na altura, e a União Total para a Independência de Angola (UNITA), disse que o momento marca a reconciliação de Portugal e merece orgulho.
"Foi a reconciliação de Portugal com a sua história, depois da colonização e da descolonização, que também não foi fácil, Portugal ser chamado a ter um papel de mediador numa guerra civil como a angolana, ser aceite pelas partes, e o acordo que se produziu, é a prova que de que nós nos reconciliámos não apenas com Angola, mas reconciliámo-nos com a nossa própria história", disse José Manuel Durão Barroso.
"Sem arrogância, que é sempre uma forma de estupidez, temos o direito e o dever de estar orgulhosos pelo que fizemos pela paz em Angola", acrescentou o antigo primeiro-ministro, que era secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação no governo de Cavaco Silva, quando foi assinado, em Lisboa, o acordo que terminou a guerra civil na antiga colónia portuguesa.
O livro Bicesse - o Caminho da Paz, teve a coordenação de Sónia Neto e reúne os depoimentos de 22 intervenientes na longa ronda de negociações que, pela primeira vez, sentou frente-a-frente elementos do Governo angolano (liderado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA, então partido único) e da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), sob mediação de Portugal e com Estados Unidos e União Soviética como observadores.
O lançamento do livro decorreu na mesma sala (no Ministério dos Negócios Estrangeiros) onde o então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e o líder da UNITA, Jonas Savimbi (ambos já falecidos), assinaram, em 31 de maio de 1991, sob o olhar do então primeiro-ministro português, Aníbal Cavaco Silva, os acordos que calaram as armas e abriram caminho à revisão constitucional que acabou com o regime de partido único e permitiu a realização das primeiras eleições livres no país (em setembro de 1992).
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