Abandonado em bebé na véspera de Ano Novo, descobre irmão 81 anos depois
- 19/12/2025
John Moore foi abandonado numa rua de Londres na véspera de Ano Novo de 1944, numa altura em que a capital inglesa era bombardeada durante a II Guerra Mundial. Com apenas uns dias de vida, foi encontrado por um polícia, que o deixou no hospital mais próximo - a sua família permaneceu um mistério.
Quatro anos depois John foi adotado por uma família de Kennington, no sul de Londres, onde viveu uma infância "feliz" e preenchida, durante a qual se perguntou poucas vezes sobre quais seriam as suas origens.
"Eu tive uma vida feliz", contou John ao The Independent. "Tive uma mãe e um pai maravilhosos e dois irmãos. A minha única preocupação a crescer era se a minha família sabia que eu tinha sobrevivido? Que estava em segurança e tinha uma vida boa?"
As décadas passaram sem incidentes, e John trilhou o seu próprio caminho, alheio às suas origens, começando a sua própria família. Foi só anos mais tarde, quando o seu filho fez um teste de ADN, através do seu trabalho, que descobriram que alguém na família vinha de Malta.
Curioso, John decidiu ele próprio fazer um teste, desta vez através de outra companhia (para confirmar os resultados). A resposta não deixou margem para dúvidas: um dos seus pais era de Malta.
Mal John sabia que esse teste viria a desvendar a sua família.
Irmão de John vivia a menos de dois quilómetros de distância
Não muito longe do sítio onde o homem morou toda a sua vida - aliás, a apenas 1,6 quilómetros da sua casa em Kennington e onze anos depois do seu nascimento - vivia Lucas Borg… o seu irmão.
Cresceram a apenas ruas de distância e, no entanto, nunca souberam da existência um do outro.
A revelação de Lucas chegou, ironicamente, de forma muito semelhante à de John: através da filha. Ella recebeu como prenda de Natal do marido um teste de ADN, para ver a sua árvore genealógica, anos depois de John fazer o seu.
Os resultados chocaram-na. Havia um homem com um ADN bastante semelhante ao seu, com antepassados de Malta e ligações ao sul de Londres. O assunto intrigou a família e foi o suficiente para convencer Lucas a fazer também o teste.
"Teve um resultado de 50% de correspondência com o John", contou Lucas. "Foi uma surpresa, porque sempre quis ter um irmão ou uma irmã, mas a minha mãe não podia ter mais filhos", revelou.
A surpresa - e o choque - refletiram-se também no seu irmão recém-descoberto que, já com 81 anos, nunca pensou descobrir um parente tão próximo.
"Eu não esperava nada do teste de ADN em termos de família, simplesmente por causa do fator tempo", confessou John. "Se alguém tivesse algum parentesco comigo, já podiam ter falecido por esta altura. Já passaram tantos anos."
Irmãos encontraram-se este ano. São "incrivelmente próximos"
Os irmãos começaram a falar um com o outro partilhando histórias e memórias e no domingo de Páscoa deste ano finalmente deram o último passo e encontraram-se cara a cara.
"Estava muito nervoso no início", contou John. "Não sabia se havia de apertar-lhe a mão ou dar-lhe um abraço, porque nunca tinha conhecido ninguém que tinha metade dos meus genes", explicou, acrescentando que a preocupação foi em vão e que a conversa entre os dois fluiu normalmente, com ambos a notar nas semelhanças entre as suas infâncias.
Durante a conversa, Lucas contou ao irmão sobre o pai de ambos, George, um imigrante que saiu de Malta rumo ao Reino Unido com apenas 18 anos, um pedaço de queijo e uma fatia de pão.
"É uma pena que o nosso pai não tenha descoberto que o John existia, porque ele tinha-o tratado como um filho também", afirmou Lucas. "Ele era esse tipo de pessoa. Era boa pessoa, e tinha acolhido o John como o seu filho."
George pode não ter tido essa oportunidade, mas John e Lucas têm compensado o tempo que perderam, conhecendo-se e aceitando-se um ao outro como irmãos. "Demorou", admitem, mas são agora "incrivelmente próximos".
Leia Também: Família acusada de embarcar com idosa morta. easyJet desmente acusações













